terça-feira, 12 de abril de 2011

Um não-debate sobre ... o que mesmo?

No último final de semana o programa Espaço aberto, da Globo News, apresentado por Alexandre Garcia, protagonizou um dos momentos em que nosso jornalismo se especializou: em produzir mais do mesmo. Foi a propósito de um debate sobre a chamada Comissão da Verdade, que busca investigar torturas e mortes ocorridas na ditadura militar. Anotem este nome: Gilson Cardoso, apresentado pela emissora como coordenador do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, um dos convidados para o debate. , voltamos a ele.
 O outro convidado foi o almirante Veiga Cabral, um militar pseudo polido na forma, mas um brucutu verde-oliva por dentro. Tosco, inclusive, nos argumentos frágeis e inconsistentes. Mas nada comparável ao coordenador Gilson Cardoso, debatedor tão rarefeito, que parece ter sido escalado justamente por isso. Um detalhe: no difícil e complexo campo das discussões ideológicas que sucedem ditaduras encerradas por via pacífica, este espaço é e deve ser ocupado por gente de esquerda, não os que têm história, mas, sobretudo, articulação política para enfrentar os debates-pegadinha, como o de Alexandre Garcia.
Que me desculpe este Gilson Cardoso se ele tiver uma história de resistência e sofrimento para ocupar a cadeira que ocupou no não-debate de Alexandre. Mas soa a negligência ver uma posição importante e delicada sendo defendida (digo: não sendo) por um sujeito sem a menor qualificação para refletir sobre idéias. Garcia e seu almirante mequetrefe praticamente comemoravam cada derrapada do representante da esquerda. Será que, entre os que sofreram a violência da ditadura, não sobrou um com tempo para ir à TV discutir políticas reparadoras? Um que seja que, como dizia Belchior, não esteja em casa contando seus metais?

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