quinta-feira, 31 de março de 2011

Pequeno roteiro para Porto Alegre (comidas). Continuação

Toda cidade vende uma tradição culinária, até as que não têm. Aqui não é diferente. Tirando o churrasco, isso de dizer que é pólo de comida alemã ou italiana é puro marketing. Como assim, comida italiana? As pizzas de Aju batem de dez, se é que eu entendo de pizza. Mas, vá lá.

O churrasco, sim, é uma produção local. No restante do país, mais recentemente, vários restaurantes difundem esta comida. Até então funcionava a carne assada, que é uma coisa totalmente diversa. No RS, em qualquer cidade, as ruas têm cheiro de churrasco. Não tem segredos, embora tenha, sim. É carne, fogo e sal grosso. Mas o autêntico tem que ser do vazio, que é uma peça das mais baratas e, ao mesmo tempo, a mais saborosa. Nas churrascarias mais simples, é esta a carne. E basta. O resto é sofisticação.

Os mortelentas

Uma das melhores pedidas aqui são os cachorros-quentes das ruas. Em São Leopoldo ou Porto Alegre, são, de fato, uma iguaria, feitos de lingüiças caseiras. Passo anos sem comer um desses, mas aqui é de lei. Com cerveja Polar.

Em São Léo, uma espécie de sanduíche persa, o Shoarma, é uma das melhores pedidas de comida rápida. Fica no centro, perto da rua Independência, e tem mesinhas de noite para umas cervejas e um papo. No inverno, é impossível sentar na rua, com o minuano cortando a alma em vários pedaços.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Pequeno roteiro para Porto Alegre

Em Porto Alegre por uma semana, com trabalho e reuniões do doutorado, na Unisinos. Desta vez nem tive condições de ver a sem graça São Leopoldo, que, não obstante, me dá saudades. Em PoA também tenho minhas trilhas, assim, para que o blog não descanse por tanto tempo, faço um pequeno recorrido para quem, por ventura, se aventure por esses trilhos urbanos.


É um guia pessoal, mas, olhando os demais, os que se apresentam como oficiais, publicados pela grande imprensa, cabe perguntar: e quem não é? Este é pessoal, mas sem jabá, sem o patrocínio escondido que induz o leitor aos lugares carimbado$$$.



I – Comer, comer



Aqui vivi, entre São Leopoldo e PoA, por cinco anos. Na condição de estudante, nem precisa dizer que jamais pisei num restaurante estrelado. Tem o lado bom, que é a disposição de farejar delicadezas como um bar-lanchonete-restaurante de comida palestina que havia na rua Riachuelo, próximo à Assembléia gaúcha. Como fecharam, ou mudaram de lugar e não avisaram, nem vale mais a dica. Só a lembrança.

O Mercado de Porto Alegre, como os da maioria das capitais, é um lugar que bem guarda preciosidades da região. Nele podem ser encontrados variados tipos de queijos, salames e a lingüiça alemã que aqui se chama “da colônia”. Chimarrão, inclusive o uruguaio, meu preferido, cachaças de toda a região sul, vinhos artesanais e das vinícolas da Serra Gaúcha, artesanato, bons cafés, outras iguarias e... restaurantes. Neles, variados pratos, de peixes à tradicional “La minuta”, a versão gaúcha do internacionalmente conhecido PF. Por 9 ou 10 reais come-se muito bem. O nome, “La minuta”, é uma dessas tonterias que alimentam o anedotário sobre gaúchos, de tão besta que é. Nem vale contar. Só comer.



(Amanhã tem mais, que o trabalho me chama).

sexta-feira, 25 de março de 2011

Muito barulho por nada

Sergipe tem coisas inusitadas. Enquanto no mundo inteiro as comunidades lutam para desviar de suas cidades as rotas das autoestradas, aqui, numa total inversão de valores, se faz o contrário. É o caso dos municípios da região sul, Cristinápolis e Umbaúba à frente, que ameaçaram até fechar a BR-101 para protestar contra o projeto do governo, que prevê justamente o desvio da nova estrada duplicada do perímetro urbano destas cidades.
Na falta de assunto, tanto das autoridades como de nossa raquítica imprensa, deram voz a essa não-demanda. Os programas de rádio matinais, vespertinos e noturnos, desprezam qualquer compromisso com um jornalismo ético e se confundem com militantes de uma causa ignóbil. E a sociedade engole o pacote comonotícia”, revestido de falsa relevância social, desemprego, crise no comércio e outras bobagens.
No mundo civilizado, o poder público não providencia o distanciamento mínimo necessário, quando, nos casos em que nãosolução técnica, constrói muros metálicos isolantes para proteger os moradores. A não ser que os porta-vozes de Cristinápolis e Umbaúba queiram mesmo isto: aprofundar nosso imenso atraso.

Cenas da vida real

O espetáculo das notícias, em três notas ligeiras. Uma brasileira residente em Londres ganha na Justiça indenização de 387 mil reais em ação movida contra a empresa onde trabalhava. O motivo do processo: colegas a apelidaram de “Bob Esponja”, personagem de um desenho animado que tem a voz aguda e anasalada. E eu, pobre ignorante, nem sabia que uma brasileira lutava na Inglaterra contra tamanha monstruosidade.
Se houvesse isonomia no mundo, todos de minha infância estariam milionários, tal a quantidade de insultos e desaforos contidos em cada um dos apelidos que nos pespegavam, sem piedade nem exceção. Prometo reviver nos próximos dias, aqui no blog, alguns dos apelidos itabaianenses, arrolados em livro pelo pesquisador Vladimir Souza Carvalho. Alguns são de uma ternura comovente.

O ex-presidente de Israel, Moshe Katsav, é condenado a sete anos de prisão, após acusação de estupro. A esquerda festiva, inclusive a tupinambá, Israel como uma filial do inferno, sobretudo quando acende o conflito com os palestinos. Sem entrar nessa briga de brancos (se bobear, há mais motivosjustos” do lado israelense do que em Gaza e Cisjordânia), o estado judeu construiu uma sociedade democrática. Por isso um presidente tarado vai parar no xilindró. Me volto à nossa democracia meia sola: aqui, o primeiro a acobertar criminosos é o Congresso, que confere imunidade parlamentar a autores de crimes comuns. E tenho dito: o Brasil apodreceu, há muito.

A delegação do Benfica de Lisboa, clube mais querido de Portugal, é emboscada em uma rodovia, após partida em que goleou um time local por 5 X 1. Despejaram sacos de pedras de cima de um viaduto, que atingiram os atletas e feriram o presidente do clube. Na Argentina, no mesmo fim de semana, uma partida pelo campeonato nacional resultou na morte de um torcedor. O futebol, diferente de tudo que dizem os atletas e dirigentes pacifistas, é o melhor lugar da barbárie. No Brasil, como no caso do estupro do presidente de Israel, esses crimes não dão em nada.

Dois PSs: por que diabos o Word grifa a grafia de “anasalada”? E em relação à (in)conexão do Vivo (i)Móvel: aviso aos interessados, a internet discada é bem melhor.

quarta-feira, 23 de março de 2011

DDR Museum – A vida cotidiana na Alemanha comunista

Em outubro de 2010 estive em Berlim por alguns dias. conhecia a Alemanha de uma viagem em 1995, mas desta vez fiquei somente em Berlim, o suficiente para fazer os principais programas de museus e passeios. O relato da viagem, a propósito, está contado no blog, bem atrás buscar: outubro, 2010). Dos museus visitados, duas exposições, em particular, me interessaram: uma sobre a loucura nazista e os passos de Adolf Hitler, da ascensão à queda. Outra, no DDR Museum, sobre a vida cotidiana na Alemanha Oriental, ou comunista.
Como vivi três meses em Cuba em 1989 (o muro de Berlim caiu justamente quando eu estava , embora acredito que não tenho culpa neste cartório), foi curioso fazer uma ligação da vida em Cuba, embora em padrões infinitamente mais baixos, com uma Alemanha que se esforçava para parecer rica e próspera.
É interessante observar modos e utensílios de uma sociedade que busca a satisfação do necessário, sem lugar para o supérfluo, mas com o olhar lúdico que vendia a promessa de paraíso. Assim, a propaganda, embora de outra forma, atravessa a sociedade e seus produtos, exercendo o mesmo fetiche dos países capitalistas.
Para o bem e para o mal, o cotidiano da Alemanha comunista tem aspectos singelos, como o culto a uma vida simples e bucólica; e os perigosos sonhos de grandeza, como os espetáculos de força e o bombardeio ideológico. Mas o melhor da exposição, bem mais que palavras, é o álbum de fotos que postei na minha página no Facebook. Passem .

Umazinha pra dormir

De Hugo Chávez e sua geopolítica bolivariana: “Foi o capitalismo quem destruiu o planeta Marte”. Deve ter fumado maconha estragada.

terça-feira, 22 de março de 2011

Cenas da vida real

O espetáculo das notícias, em três notas ligeiras. Uma brasileira residente em Londres ganha na Justiça indenização de 387 mil reais em ação movida contra a empresa onde trabalhava. O motivo do processo: colegas a apelidaram de “Bob Esponja”, personagem de um desenho animado que tem a voz aguda e anasalada. E eu, pobre ignorante, nem sabia que uma brasileira lutava na Inglaterra contra tamanha monstruosidade.
Se houvesse isonomia no mundo, todos de minha infância estariam milionários, tal a quantidade de insultos e desaforos contidos em cada um dos apelidos que nos pespegavam, sem piedade nem exceção. Prometo reviver nos próximos dias, aqui no blog, alguns dos apelidos itabaianenses, arrolados em livro pelo pesquisador Vladimir Souza Carvalho. Alguns são de uma ternura comovente.

O ex-presidente de Israel, Moshe Katsav, é condenado a sete anos de prisão, após acusação de estrupro. A esquerda festiva, inclusive a tupinambá, Israel como uma filial do inferno, sobretudo quando acende o conflito com os palestinos. Sem entrar nessa briga de brancos (se bobear, há mais motivosjustos” do lado israelense do que em Gaza e Cisjordânia), o estado judeu construiu uma sociedade democrática. Por isso um presidente tarado vai parar no xilindró. Me volto à nossa democracia meia sola: aqui, o primeiro a acobertar criminosos é o Congresso, que confere imunidade parlamentar a autores de crimes comuns. E tenho dito: o Brasil apodreceu, há muito.

A delegação do Benfica de Lisboa, clube mais querido de Portugal, é emboscada em uma rodovia, após partida em que goleou um time local por 5 X 1. Despejaram sacos de pedras de cima de um viaduto, que atingiram os atletas e feriram o presidente do clube. Na Argentina, no mesmo fim de semana, uma partida pelo campeonato nacional resultou na morte de um torcedor. O futebol, diferente de tudo que dizem os atletas e dirigentes pacifistas, é o melhor lugar da barbárie. No Brasil, como no caso do estupro do presidente de Israel, esses crimes não dão em nada.

Dois PSs: por que diabos o Word grifa a grafia de “anasalada”? E em relação à (in)conexão do Vivo (i)Móvel: aviso aos interessados, a internet discada é bem melhor.

domingo, 20 de março de 2011

Sobre Obama e heróis

O Blog do Sakamoto, do UOL, fala da saturação de 9 entre dez jornalistas com a cobertura da visita de Obama ao Brasil. Os profissionais dizem que não agüentam mais as chateações com pautas do tipo: a vida esmiuçada do cachorro da família. E este blog acrescenta: as matérias sobre as comidas que os Obama iam comer (iam, porque escrevo na manhã do domingo e, a essa altura, não me perguntem o destino de tantas iguarias. Salvo um cenário pior e, neste caso, estômagos e intestinos presidenciais estariam agora vivendo revoluções por minuto).
Na verdade, o fastio dos jornalistas se estende a nós, de fora da tela, com a corrida desesperada deles em busca de audiência. A lógica é cruel: supõe-se que o público, da mesma forma que gosta do BBB, aprecia singelezas como: gatinhos presos em chaminés, cachorrinhos achados vivos sob os escombros de um terremoto. E por vai. Nos dias seguintes, temos de encarar: a volta do cachorrinho ao lar, o encontro com seus donos, a volta à escola, a volta ao trabalho, o primeiro cocôzinho. Como diria a hiena do desenho animado: oh céus, oh vida!
O “fator Barack Obama” é sua condição de primeiro presidente negro, democrata, numa quadra da História em que os Estados Unidos tem suas posições abaladas como centro do Império. , sim, está a fonte de notícias. E , nos permitam estes jornalistas de TV , muito mais sensacionalistas do que profissionais, não interessa os minutos gastos com os pequenos Obamas e a bicharada dos pequenos.
Essa overdose de pseudo-notícias ainda mata o jornalismo. Ou, como dizia Caetano, nos inocentes anos 60: “quem tanta notícia?” 

sábado, 19 de março de 2011

Ainda há quem empunhe o "Yankee, go home"

Que coisa esquisita essa reação de alguns núcleos petistas contra a visita de Obama. Durante toda a semana foram verificadas opiniões em contrário, sugerindo críticas e, o que é ainda mais grave, manifestações de repúdio ao presidente. É estranho, porque as manifestações sugerem uma posição ideológica, algo como a marcação de posições políticas de esquerda. Se a explicação for por mesmo, é uma tolice total, afinal, se fosse utilizada uma escala de medição ideológica, dificilmente encontraríamos vestígios de políticas de esquerda em quaisquer dos governos. No caso brasileiro, não é Dilma quem faz um governo de centro, puxando para o neoliberalismo. O de Lula foi assim, embora disfarçado pelas tintas de programas distribucionistas, como o Bolsa-família.
Nos Estados Unidos, centro do império e do capitalismo mundial, a figura de um presidente é quase decorativa. Republicanos e democratas diferem em coisas como a cor dos ternos ou a retórica beligerante. Mas só na retórica, se me entendem. Chegar num Obama, um César negro na terra da Ku Klux Klan, foi até demais. Se os Estados Unidos têm problemas, como as prisões ilegais e torturas em Guantânamo, os furiosos com a vinda de Obama deveriam ser minimamente honestos e dizer o que representam, politicamente, governos como os de Chávez ou de Armadinejad.
Minha geração portou nas ruas, no movimento estudantil dos final dos 70 e início dos 80, cartazes como os que vimos hoje nas ruas do Rio. “Yankees, go home”. Fiquei meio envergonhado, não com a incivilidade da frase, mas pela ausência de originalidade. Esses militantes de calçada não ganhariam um ponto nos desfiles da Sapucaí. Que inventem uma causa justa, ou vão arrumar o que fazer.  

segunda-feira, 14 de março de 2011

De exemplos e de pebolistas


O post de hoje começa com essa jóia dos clichês: a liberdade não tem preço. No mundo infestado da autoajuda, essas frases podem significar nada ou, como é mais comum, representar algum golpe do guru-malandro da hora. Soa ainda mais lugar-comum se levarmos em conta que pretendemos adentrar o campo dos boleiros. Melhor dizendo tudo: nos referimos ao ex-técnico do Fluminense, Murici Ramalho.
Engraçado como, no nosso país, costuma-se manifestar perplexidade com os salários astronômicos da turma da bola, sem levar em conta ingredientes como este demonstrado agora pelo sisudo Murici: equilíbrio, consciência, domínio das emoções, capacidade de planejamento, perseverança e desprendimento, muito desprendimento.
Para os menos iniciados nos bastidores do esporte bretão, vale lembrar que esse Murici era, até dois anos atrás, o vitorioso e obstinado treinador do não menos estrelado São Paulo Futebol Clube. Tão focado num trabalho que leva a sério com a persistência dos monjes, que funcionava alheio ao frisson e às futricas do universo pebolístico. Daí os adjetivos pespegados pela imprensa festiva: mal humorado, caga raiva, essas coisas a que se recorre, sempre que não é possível reduzir o próximo ao nível de nossa própria mediocridade. Muricipara aproveitar a presença do escatológico verbo – cagava e andava para os faniquitos da chamadacrônica esportiva”.
Quando mudou do poderoso São Paulo para um agonizante Fluminense, trocando o rico futebol paulista por uma praça muito menos profissional, foi surpreendido, logo depois, com o convite para dirigir a seleção canarinha. Sem debochar da honraria, surpreendeu de novo: preferiu a simplicidade e os desafios do clube carioca das Laranjeiras, aos holofotes e à grana fácil do senhor Ricardo Teixeira. Ontem, algumas vitórias e outras decepções depois, o obstinado Murici largou seu navio e caminhou para o silêncio. No futebol, como é sabido, há poucos homens com a fibra de um Murici. O Fluzão, tão reluzente nas arquibancadas, é, como uma extensão do próprio Brasil-zil-zil, uma monumental esculhambação, uma repartição pública no gramado, um Congresso Nacional de chuteiras. Para variar, não cumpriu planos, projetos nem promessas.
Murici, escaldado, como na história do marido cansado, foi na esquina comprar cigarros. Amanhã brilhará de novo, onde quer quevender seu peixe. Mas ontem, quando pediu demissão, fez justamente isso: caminhou para o silêncio.      

domingo, 13 de março de 2011

Comentário sobre alguns comentários no blog

De Stéfano Cavalcante, que reclama da marcação dos jogos do campeonato sergipano nos horários das partidas dos grandes campeonatos, como do Rio e SP. Diz ainda que gostaria de levar o filho para o estádio, mas, com a coincidência de horários, fica em casa vendo Ronaldinho no Flamengo. Por fim: que o público no Batistão, nesses dias de jogos na TV, perde para o dos bares que exibem as atrações.

De Anselmo Oliveira, que também lamenta o horroroso nome de River Plate para um clube do interior sergipano, mas reclama que fomos garfados no Engenhão para favorecer o Botafogo.

Creio que nem preciso acrescentar, tal a contundência das duas afirmações. Apenas colocar outros ingredientes na discussão sobre o eterno insucesso do futebol local.
um mês o blog elogiou a iniciativa do governo do Estado em reformar os estádios, referindo-se especificamente ao Presidente Médici, de Itabaiana, que ganhou novo placar e teve o anel das arquibancadas completado. Boas medidas, claro. Mas pecou feio em manter a insignificante quantidade de cadeiras, que, se era pequena, foi reduzida para a construção de cabines de emissoras de rádio e TV.
O pior vem com a desculpatécnica” dos engenheiros da obra: para aumentar as cadeiras, teriam de construir uma nova cobertura. Enfim, no século 21, com tantas opções práticas e baratas, a engenharia local ainda dificuldades em construir uma cobertura para uma parte de um estádio de futebol.
Hoje, na nona rodada do campeonato, nosso querido Banese Card, patrocinador oficial dos clubes, não despejou uma ruela sequer na conta dos paupérrimos clubes locais. Embora esteja, nos estádios, desde o início, as reluzentes placas de propaganda da instituição. Assim, com tais apoios, o futebol sergipano ter mesmo o tamanho que tem.

Do leitor Mário, sobre os problemas na segurança pública e a atuação da polícia. Lembra que, em 2008, 13 presos foram retirados da delegacia de Cristinápolis e outros cinco da cadeia de Santa Luzia do Itanhy por 20 policiais e submetidos a sessões de tortura e ameaças. Que o governo prometeu inquérito, como se diz nessas horas, mas até hoje não apresentou uma resposta.

Não sei o que os czares da segurança pública do Estado pensam de blogs. Ou deste blog. Ou de imprensa de forma geral e de nossa imprensa em particular. Mas simplifico duas possibilidades:
1)Não reconhece este blog como instância jornalística e, portanto, não está nem .
2) Não tem nada a declarar a este ou qualquer outro meio jornalístico.
Com a palavra, os czares.
  

sexta-feira, 11 de março de 2011

O fim é agora


As águas de março este ano vieram mais cedo. Começaram em janeiro em Petrópolis e seguem agora no Sul. Depois, Austrália e hoje é o Japão, atingido com o terrível mix de terremoto + tsunami. Em Aracaju, o Twitter pode falar por uma mostra bem representativa da cidade: nunca houve um fim de ano tão quente.

O mundo na TV
Os desastres de hoje salvam os profissionais de televisão de sua modorrenta tarefa de esticar não-notícias. Se alguém duvida desta afirmação, fique doente 24 horas e experimente zapear pelos canais disponíveis. A Globo News não tem vergonha de ler a mesma nota desde as 6 da manhã às 9 da noite.

O Carnaval
Até ontem, os canais tiravam leite do carnaval deste ano: A Beija-flor, Roberto Carlos e as emoções que contaminam até a redação, a ponto da apresentadora Maria Beltrão ensaiar uma sambada na cadeira. Na falta de graça na vida real, os responsáveis por mostrar o espetáculo produzem a graça, mesmo desengonçadamente. Mas a culpa não é deles. Imaginem que as duas “sensações” do carná da Bahêa foram Luan Santana e a beijoqueira Hebe. 

sexta-feira, 4 de março de 2011

Perorando sobre o futebol local


Os campeonatos regionais estão morrendo. Vão acabar em breve. Com eles, morre junto o futebol de pequenos estados, como o nosso, que não está na Série “E”, porque simplesmente ela não existe. Diferente da maioria, torço para times locais e penso que, mais que um assunto de esporte, é a sobrevivência de nossa cultura própria. Não acho graça em nenhum esporte que não seja futebol e, dentro dele, vibro com as peladas nos nossos campinhos. Quando, finalmente, o futebol local der o último suspiro, encerro também meu interesse pela metade das coisas pelas quais ainda me interessava. Vou de volta aos meus velhos livros, talvez cuidar de um jardim, viver meu mundo de autista.
Quarta-feira, 02 de março, poucos torcedores têm disposição de largar a TV com Botafogo e o tradicionalíssimo River Plate para ver o futebolzinho de Itabaiana X Estanciano, mesmo em Itabaiana, onde o povo gosta do esporte. Como sou um dinossauro na contramão, estava eu, pagando 10 pilas na arquibancada vazia, mas feliz em ver os colegas da TV Atalaia levando o jogo para todo estado. A TV Sergipe não comparece quando a Atalaia está presente, para não expor as faixas com o nome da emissora. É coisa de coronel, do tempo de Ocrides.
A Atalaia paga 30 mil para os quatro principais clubes, muito pouco, mas nem é isso o que importa. Interessa saber que existe um canal local apostando, quase na contramão, num evento da nossa cultura. A compreensão que têm vale mais que os 30 pilas. a TV Sergipe, além do boicote vergonhoso e desonesto, contrariando, inclusive, a Rede Globo, inventa um torneio paralelo, de futsal, para ofuscar o combalido futebolzinho sergipano. O doutor Albano, um homem de bem, não pode compactuar com uma sacanagem dessas.

PS: Ah, não gosto de um time que desavergonhadamente se chama River Plate, essa idéia maluca de marketeiro de província, mas temos de dizer: foi roubado no palco iluminado do Engenhão, com o Brasil inteiro de cúmplice, para mostrar que no futebol a arbitragem é apenas um detalhe, que funciona quando não contraria o interesse principal.  

quinta-feira, 3 de março de 2011

Desviando do foco

O episódio que envolveu a prisão do cantor de axé André Lélis ganhou desdobramentos na imprensa, sobretudo na baixaria matinal do rádio, mais ou menos com a seguinte questão: se teve ou não o dedo do ex-deputado Fabiano Oliveira. Trata-se, como se , de uma discussão de fofoca. Isso não interessa. O que interessa é: a polícia, que, pela enésima vez, age com arbitrariedade e, o que é grave, à margem dos comandos. Aqui, como nos demais estados, temos uma polícia acima das leis, dos governos e da sociedade. É este o problema.
E deixemos Fabiano pular seu carnaval sossegado.

Direitos humanos
Outra verdade lamentável é: a luta pelos direitos humanos no país, que tinha até a chancela dos padres de esquerda, hoje foi esquecida. Resolveram os problemas dos políticos, e a causa caiu no esquecimento. Entretanto, neste exato momento, em milhares de cadeias de Sergipe e do Brasil, milhares de presos comuns sofrem o diabo na mão dos agentes do Estado.
Alô, dom Arns: tortura nunca mais, não. Tortura aqui, sempre

quarta-feira, 2 de março de 2011

Polícia para quem precisa


O episódio com o cantor baiano preso por desacato, conforme a velha alegação policial, é apenas mais um dos vários que semanalmente engordam o noticiário da imprensa local. ganham publicidade os casos mais violentos, ou, como este, quando envolvem algumpeixe graúdo”. O assustador é que esse perigo fardado se amplia agora para guardas de trânsito, como o caso do ambulante que apanhou e tomou choques elétricos em via pública, mesmo dominado e algemado. Seguranças de casas de espetáculos também aderiram à truculência. Pais com filhos em festas públicas ou privadas, tremam. As feras estão soltas e impunes.
A resistência dos guardas municipais de Aracaju contra uma medida tão óbvia como o desarmamento, é tão acintosa que nos perguntamos: como é que não tinham tomado uma decisão dessas antes? Como também é vergonhoso que o comando da polícia militar permita que alguns dos seus servidores trabalhem sem identificação. É como se estivessem premeditando a má conduta.
Quando o governo cedeu dedos e anéis e tornou a corporação militar sergipana a segunda mais paga do país, numa injustiça com os demais servidores e de forma desproporcional às condições econômicas do Estado, imaginava-se, pelo menos, que este segmento passasse a honrar os bons salários e oferecesse, em troca, um serviço profissional à altura da importância conferida pelo ente público. Em vez disso, protagoniza agressões diárias contra os direitos humanos e, no calor de um dos movimentos corporativos, pariu uma liderança com um discurso perigoso e beligerante.
No fim, resulta a impressão de que, tanto no caso dos guardas municipais da capital, como nas contendas da PM-SE, mais do que os governos que pagam e mantêm estes exércitos, quem paga a conta mais amarga é a sociedade, o tempo inteiro feita refém pelos dois lados da violência e do crime, que, em alguns casos, se misturam e confundem a todos.