Deus dos céus!
Acabo de bater o ponto final de minha tese de doutorado em plena segunda-feira
de carnaval, tirando um peso e uma responsabilidade que carreguei havia quatro
anos. Claro que agora é que minha carreira acadêmica, no sentido estrito,
começa pra valer. Tampouco estes quatro anos deixaram de ser prazerosos, com os
estudos, a pesquisa intensa, descobertas e alumbramentos que conseguiram surpreender
um homem já maduro, desde o primeiro dia no mestrado da Unisinos, em 06 de
março de 2006, a defesa da monografia, o início da nova jornada e os incontáveis
momentos de solidão e desespero face ao objeto de pesquisa. Toda tese é um
sofrimento constante, que nos faz acordar suando, pensando nos nós terríveis de
desfazer. Quantas vezes sonhei com a solução de alguns desses nós ou com o
surgimento de outros! Quantas e quantas acordei com calor, por puro medo de não
sair do labirinto que eu mesmo inventei!
Fiquei com
inveja no dia que minha colega Sonia Montaño disse que uma tese de doutorado
será só uma em nossa vida e que, portanto, temos de fazê-la com o amor de um
filho, com o esmero de quem esculpe um objeto de arte, uma viagem luminosa por
algo que nos encanta e que deve encantar quem por ela se aventurar (as palavras
são todas minhas, a querida Sonia disse ao seu modo “paraguayo”-uruguaio de
ser). Lamento não ter feito a tese dos sonhos! Mas, tampouco, é a seleção de
Dunga ou Lazaronne. Acredito firmemente nos meus esforços e agora vamos para a
banca, com os riscos e custos que isto implica, sem medo da realidade. Tudo
isso traz, como diria Elomar, alegria e festa para meu coração, mas registro
aqui, com o maior de todos os pesares, a ausência do meu paizinho querido, a
pessoa a quem devo tudo e a que mais se alegraria nesta hora. Que em sua terna memória
eu possa trazer o diploma que tanto o orgulharia.