quarta-feira, 30 de junho de 2010

Greve do Metrô

Desde a segunda, 28, os funcionários do metrô de Madrid estão em greve. Anunciaram inicialmente uma paralisação de 50% dos serviços, mas logo na terça as estações estavam bloqueadas. O mesmo anúncio do sindicato, feito antecipadamente na semana passada, dizia que a “huelga” terminava hoje, quarta (30/06). Mas fico sabendo agora que amanhã a luta continua, com 50% dos trens funcionando. A ver por ontem e hoje, os 50 serão 100%. Grevezinha fdp! Ontem tinha um compromisso na Universidade Carlos III, que fica um pouco fora da cidade e é necessário o metrô e outro trem. Meu orientador ia me aguardar na estação Sol, centrão da cidade, mas não teve jeito. Ônibus lotados e táxis ocupados. Voltei para os meus lençóis. Hoje novamente tive que ir ao centro. Como moro perto e já costumo ir andando, aproveitei que não tinha opção e fui e voltei por este ecológico meio de transporte.
Essa greve é justa. A Espanha, como se sabe, está mergulhada numa crise econômica que também atingiu Grécia e assustam Portugal e Alemanha. O governo anunciou um pacotaço que reduz salários em 5% e aumenta impostos em mais ou menos o mesmo (se não me equivoco). Novidade, né, os trabalhadores pagarem a conta das crises? No parlamento, o primeiro ministro Zapatero foi sabatinado pelos malandrões do PP, o partido da direita local, uma espécie de PFL (Dem) que ainda respira. O problema é que essa jagunçada tem os meios econômicos e controla imprensa, empregos etc. São representantes do mercado financeiro, justamente o principal (e quase único) responsável pela crise. É enojante ver essa turma botando o Zapatero na parede e cobrando soluções. Parecem as viúvas de João Alves no “twitter de Aracaju” cobrando decência.
Mas o Zapatero me surpreendeu por uma extraordinária capacidade de articulação, que inclui entender a crise e apontar suas causas. Eloqüente, convincente, racional e seguro, Zapatero não chegou onde chegou de graça. Assim, o que parecia ser um bombardeio ao primeiro ministro, esfarinhou-se na falta de argumentos minimamente aceitáveis. A direita é igual em qualquer lugar.

O cotidiano

Minha mania de Reformador do Mundo levanta diagnósticos desde onde estiver morando. No Rio Grande do Sul, que sustenta cinicamente a imagem de um lugar civilizado e de gentilezas urbanas, eu flagrava diariamente uma centena de absurdos que, às vezes, dava vontade de reagir com minha força bruta itabaianense. Mas logo cheguei a um consenso com meus inefáveis botões: se esses bostas, que se acham o 31 de fevereiro, não fazem nada, vai ser eu, que vim aqui de passagem? Em Itabaiana, onde passei os últimos seis meses, havia uma lista tão grande de sacanagens, que desisti e deixei entregue aos próprios pistoleiros. É um negócio do século XVII. Minha querida Itabaiana, a cidade que me acolheu pequeno e de onde me considero também filho, vive na idade primitiva, no pior sentido.
A Europa também guarda semelhanças com a farsa gaúcha. As gentilezas que um dia deram má fama aos ricos rapazes de Pelotas que vinham estudar por aqui já ficaram há muito para trás. Não sei se tem a ver com a globalização que ganhou força a partir da segunda metade do século passado. Hoje as populações estão misturadas, basta dar uma olhada nas seleções de futebol de França, Inglaterra, Holanda etc.  Aqui todos se acusam. O baiano Renato diz que os latinos são escória e que toda a bagunça reinante se origina deles. Detalhe: o Renato é ACM doente. Espanhóis pobres culpam chineses. Chineses nem ligam, só trabalham. Os chinas têm sua lógica: vieram de um país onde existe escravidão, com salários de 5 dólares mensais em algumas regiões. Chegam, abrem uma birosca e não fecham mais. Toda vez que faço minha caminhada na pista aqui do lado, à margem do rio Manzanares, aplico o meu DataCorreia. De dez vezes, cinco encontro o super dos espanhóis fechado. O biombo dos chinas abre todo dia.
A pista é uma beleza, com uns cinco metros de largura e longa como o rio que margeia. Mas estamos na era das bicicletas e patins. Os ciclistas voam a 40, 50 km/hora e passam pelos mortais corredores tirando fino. Não sei como não deu merda ainda. E não é só aqui do lado. Em toda Madrid, nas calçadas, ciclistas voam por cima de pedestres, por enquanto metaforicamente. Mas logo logo...

Reclamar a quem?

Então é isso, a política maior é coisa para as TVs, mas as coisas do dia a dia, o fino dos ciclistas, a má educação no metrô, quem resolve isso? Ou seriam coisinhas pequeno-burguesas, como se dizia? O problema é que, para nossa vida real, as banalidades do cotidiano são tão importantes quanto a enrascada do Zapatero. Não tem bispo nem Papa a quem reclamar. Fico sempre achando que, na era das virtualidades, deveria haver espaços de protesto. Onde está a esfera pública espanhola?, yo me pergunto. “A esfera pública em Europa morreu”, responde baixinho e envergonhado o meu anjo do guarda para assuntos de cidadania.

O twitter aracajuano

A emergência de uma nova esfera pública virtual, sem praça e platéia ao vivo, me fez retomar este blog esquecido e voltar ao inferno do twitter. Inferno porque, em lugar das tais coisas do cotidiano, as mazelas do trânsito e a ineficácia das SMTTs, ficamos ouvindo uma lenga-lenga de viúvas abandonadas, ainda mais defendendo causas perdidas. Este, decididamente, não é o espaço que me interessa. Aqui virou choro de bestalhões, espetáculo de psicopatas, últimos suspiros de jornalistas decadentes. O que deveria ser o lugar pujante da boa polêmica é um cemitério de idéias e de ressentimentos. E, como disse o empresário Caetano Veloso, vaia de bêbado não vale.
No twitter eu planto pequenos desacatos, pra chamar para a rinha do blog, espaço público, aí sim, dialético, onde uma idéia leva mais que 140 toques.


Uma rapidinha

Paulo Coelho diz no Twitter que o tempo e a leitura não o transformaram tanto, já o amor... Paulo Coelho é a Bárbara Gancia de calças, se é que essa Bárbara veste saias.


domingo, 27 de junho de 2010

Agradecimento coletivo



Quis responder a todos individualmente, mas fiz questão de fazê-lo coletivamente, justamente pelas demonstrações públicas de solidariedade que recebi dos amigos nessa hora difícil. A maioria diz o que sempre digo nessas horas: que não temos palavras para expressar. E é isso mesmo. Na hora de consolarmos um amigo ou parente, nos batemos com uma forma mais pessoal e convincente de nossos pêsames, e, no fim, resulta no mesmo: nãomuito o que dizer. No esforço da razão, de tentar dizer que a vida segue em frente, e no socorro à tristeza do outro, cujo remédio, nessa hora, pode ser a providência de Deus.

Samarone, econômico até nas palavras, diz que João Correia passou pela vida com dignidade. Isso resume tudo que eu poderia dizer aqui agora sobre Papai, o melhor pai do mundo, homem que começou a vida trabalhando nas roças do sertão de Carira, vestindo, como ele dizia “um chambrefeito de saco de açúcar. Minha vó Zifinha, “Mãe Finha”, lavava o camisolão e o menino João ficava esperando secar, na beira da cerca, nu, porque não havia um chambre reserva e havia outros 11 irmãos na mesma condição. Isso ele com 10, 11 anos. Pouco depois, viajava a de Carira às fazendas de Estância, cruzando quase todo o estado com meu avô Alexandre (“Pai Lixandre”) para trabalhar na roça. Voltava sem dinheiro e com um saco de farinha quase vazio. Ou seja, eles viajavam léguas para não passar fome. Porque a simples saída de dois membros da família aliviava os poucos recursos para os demais. Esse João Correia menino, sabe-se de onde, alimentava o desejo de um dia estudar. Aos 18 anos foi embora pra São Paulo, como tantos de nossos irmãos nordestinos e fez de tudo pra viver: foi barbeiro (imagino a luta de meu pai, que possivelmente nunca tinha visto uma tesoura antes) e depois condutor de bonde nas ruas de São Paulo por nove anos. Trabalhava de dia e, de noite, pode finalmente freqüentar um colégio, chegando até o 1º. Colegial, que, à época, valia como um curso superior de hoje. Mas teve de abandonar porque surgiu um concurso para tabelião em Sergipe e ele foi aprovado em terceiro lugar. Foi “destacadopara Macambira e, com toda a timidez dos Correias, conseguiu casar com Afra, “Afinha” de “seo” Cecílio, primeiro prefeito da cidade. Ganhou a filha do líder político e a alcunha que o acompanharia por muitos anos: João Tabelião. Depois, também por concurso, entrou no fisco, virou o exator chefe da exatoria, cargo que deixou quando mudou-se para Itabaiana, no final de 1971, para que os filhos pudessem estudar no colégio Murilo Braga, mesmo com o salário reduzido. Lembro que a gente saiu de uma casa grande e bonita, a segunda ou terceira melhor de Macambira, para ir morar numa casinha pequena e quente na rua Antônio Dutra. Depois, quando tinha os filhos criados, João Correia pensou que poderia finalmente realizar seu sonho e matriculou-se no 2º. Grau do Murilo Braga. Eu estudante à tarde e ele à noite. Boa parte dos professores eram os mesmos e diziam: “seu pai é muito mais estudioso”. Depois, passei no vestibular para Engenharia Química, na rabada, segundo período, e João foi o primeiro colocado em Letras. Mas não pode concluir logo, porque novo concurso, desta vez para fiscal de renda, o colocou em nova função na carreira, viajando por todo o Estado, até se aposentar anos depois e, finalmente, concluir o curso de Bacharel em Letras Português, como ele dizia com orgulho, em 1986. Lembro da surpresa e alegria dele quando entrei no Constâncio Vieira com meu amigo Blanar e sua filmadora de vídeo (novidade na época), em que gravou a formatura da UFS. Este sempre foi um documento valioso para a família. Por essas coisas, nunca João Correia deixou que a saudade do filho distante Luciano fosse maior que seu desejo de que eu terminasse o mestrado, cuja defesa ele assistiu no RS, viajando com dificuldade, e agora no doutorado, que era outro orgulho para ele, incluindo essa passagem pela Espanha. João, graças a Deus, teve alegria com todos os seus, mas foi e é também a alegria de todos nós. Por isso a frase de Samarone é curta mas diz muito, afinal, se é difícil hoje, imagine viver com dignidade no nosso Nordeste numa época que a vida amesquinhava os homens  num salve-se-quem-puder.

As palavras que ouvi de todos nessa hora era, enfim, tudo que precisava. Por isso a minha gratidão, um a um:

Rosa Sampaio – amiga querida, ex-colega de PMA, que desde a agonia de Papai me consolou com seus emails, seu carinho e sua própria experiência de perda ainda recente.

Mônica Pintonossa querida Moniquinha, jornalista das melhores, amiga com quem converso todos os dias.

Silvio Santosamigo de longas datas, me disse uma coisa que ficou muito claro no meio da dor: quando os pais se vão, os amigos ganham ainda mais importância na nossa vida.

Ademir “Paraíba” – paraibano que conheci na Unisinos e tornou-se amigo desde criancinha, excelente companheiro de algumas viagens, meu advogado na minha Grande Guerra Contra o Resto do Mundo.

Ofélia Onias – grande jornalista, amiga desde nossa primeira juventude, uma quinta irmã, que me consola lembrando a saudade de seu José Onias.

- Madalena Sarmento – prima de São Paulo, filha de Tio Silvino, trazendo o carinho dos Correias desde o sudeste.

- Primo Luiz Antônio – de Santos, filho de tio Gerino e tia Marieta (irmã de Papai), além de primo, amigo de infância.

- Primo Antônio Carlos – de Santos, velho companheiro de molecagens até na insuspeita e sem graça São Leopoldo (RS). Filho de tia Zalda, irmã de Dona Afra.

- Alice Moreira – graaannndeee Licinha, professora aposentada, militante política de verve muito maior que a minha e a do irmão Moreira, mulher de fibra, valente como uma sertaneja.

- Poeta Amaral Cavalcante – Meu Deus! Amaral, nesse processo todo, me fez duas cartinhas que guardarei para as maiores horas de saudade. Que coisa linda e verdadeira. Faz até a morte parecer aceitável. Além da paciência de ouvir meus chororós (sic!) pelo telefone.

- Jorge Carvalhoamigo querido, único, além de Déda, que me liga na Espanha para ser solidário também por telefone. Amigo ainda de todos os membros da família Correia.

- Samarone – o das palavras e frases econômicas. Mas nunca economizou em solidariedade, desde muitos anos.

- Marcelo Déda – é o governador, o melhor e mais preparado da história de Sergipe, mas nunca pedi consentimento para tratá-lo pormeu amigo Déda”, companheiro e talento maior de minha geração.

- Sales Neto – amigão de copo e de vida, irmão que me levou para os caminhos do espiritismo.

- Gilvan Manoel – outro amigo antigo, que comparece pouco, mas nunca negou o abraço companheiro.

- Martin Thurnherr – amigo suíço que conheci em Cuba e nos tornamos irmãos socialistas para sempre. Uma pessoa dessas que não se fabricam mais.

- Reges – colega de doutorado no RS, gaúcho da melhor qualidade, inteligência e palavra privilegiadas.

- Ângela Zamin – colega de Unisinos e esposa do Reges. Casal que acolheu minha solidão no frio gaúcho e segue me iluminando de longe.

- Silvia Zamperlini – Silvinha, ex-namorada de Vitória (ES), psicóloga que tem trabalhado de graça pra mim no MSN.

- Caio, o “Rolabosta” – sobrinho-neto, xodó do tio (tio , sem avô) e do bisavô João Correia, amor de menino e o hominho que me prometeu agora cuidar da bisa Afra.

-   Paulinha – sobrinha querida e mãe do Róla e do Rólinha. A primeira neta sempre acaba sendo também filha, né? Pois com ela foi assim.

- Zanna Matosbonita morena filha de “Nega”, irmã de Dina, enteada de Nestor Amazonas. Me recebeu na Espanha e logo depois me cobriu do carinho amigo, mesmo de Salamanca, onde vive.

- Daniel Barsi – colega que virou amigo de , desde o mestrado na Unisinos até o nosso sanduíche aqui, ele em Barcelona. Uma palavra de conforto no dia da maior agonia.

- Márcia Turchielo – gaúcha da fronteira (terra do leitê quentê, tchê), parceira das jornadas no grupo de pesquisa Cepos. Obrigado por tudo!

- Valério Brittos – orientador que, como ele mesmo diz, se tornou amigo.

- Sônia Montaño – amiga uruguaia, colega da Unisinos, parceira dos almoços nos macrôs de São Léo, que, se eu fosse gente importante, elegia Conselheira Número 1 de Luciano Correia.

- Ivan Rodrigues – meu diretor de jornalismo na TV Sergipe e na TV Difusora do Maranhão. O cara da Globo que apostou em mim e, naquela época, regava o espírito com as melhores orações.

- José Santana – companheiro de inúmeras jornadas, fotógrafo da SEED e, ao contrário do mineiro, solidário até no câncer.

- Eduardo Almeida – amigo irmão desde o século XVII, dono da necessária loucura santa, um cara que tem a coragem de me eleger como um dos seus dois melhores amigos (o outro é o tal Santana, fotógrafo).

- Luiz Albornozmeu co-orientador na Universidade Carlos III de Madrid. Fizemos nossa primeira reunião horas (ou minutos) antes de João Correia desencarnar. E logo estava ao telefone, solidário.

- Acácia Mendonça Riosalguém em Aracaju lembra desta moça? Poetisa, amante da literatura, formada em Letras e Jornalismo e ex-militante do PCB? Olha a surpresa: é a esposa do Albornoz. fiquei sabendo na nossa primeira reunião. Também solidária desde os primeiros momentos.

- Clóvis Felizola – ex-colega de Secom da PMA, meu consultor internético-informático e amigo pra toda obra

- Antônio Leite – Tonhêta, ainda de luto de Zeca, irmão camarada de longas conversas nos cafés do Jardins. Também amigo de JC (João Correia).

- David Leite – o amigo rebelde e sua causa distinta não nega a solidariedade. Diferentes lados da política não podem afastar amizades antigas.

- Amarino (Nino) Queiroz – ao lado de Amaral Cavalcante, o maior poeta do Brasil. O rei do bas fond da Bahia, Recife e Campina Grande, o Pedro Juan Gutiérrez de Currais Novos, sempre dizendo ao Luc algumas palavrinhas fundamentais, as bakunianas.

- Lívia Sousa – estanciana auto-exilada em Londres há mais de 25 anos, mas sempre presente, com um português rarefeito, mas a tempo de recuperá-lo na sua volta (definitiva) programada para breve.

- Grace Melo – jornalista talentosa e amiga mais recente, mas que compareceu com uma mensagem belíssima de Chico Xavier.

- Luciana Leitãocearense de Fortaleza, noiva do Daniel Barsi, sempre gentil e amável.

- Berna Farias – paraibana cabra-da-peste, colega de faculdade na Bahia nos anos 80, nossa versão tropical de Rosa Luxemburgo. Mulher forte da bixiga!

- Leila Cristina – amiga querida da “bancada itabaianense”.

- Eliana – idem. Sempre aqui no MSN trocando figurinhas comigo.

- Paola Nazário – colega da Unisinos, parceira de falcatruas alcoólicas em toda a extensão do Vale do Rio dos Sinos e Porto Alegre, mas também solucionadora de minhas tabelas e gráficos no Word. Companhia pra mais de cem anos.

- Renata Brayner – amiga da família, grande figura humana.

- Chico Andrade – irmão do cunhado Ricardo, amigo desde a infância em Itabaiana, cara do bem.

- Paulinha – amiga recente, de Estância, a menina que bate papo comigo pelo MSN e deixou um salmo bonito no orkut.

- Carlos Cauê – deixei por último esse ex-colega de Engenharia na UFS, de política estudantil e de república não porque ele foi dos últimos a manifestar-se, mas pelo trunfo que guardou – e eu nem sabia que tinhaaté esse momento tão propício. Quando eu me achava mais conformado, Cauê fala de um cartão daqueles tipo edições Paulinas, que João Correia lhe deu certa vez, nas suas idas à república, talvez vendo no moleque emigrado das Alagoas a falta do pai que eu tinha tão perto de mim. E que eu reproduzo aqui, mesmo sem consultar o Cauê:

 "Deus, para se explicar na terra, criou o Pai".

A
frase é um desses temas recorrentes das Edições Paulinas e chegou a mim, em forma de cartão, pelas mãos do seu Correia. Era a velha República da Rua da Frente e seu pai fazia carinho a um filho estrangeiro, carente de pais. No verso, uma letra elegante dizia coisas que os pais dizem aos seus rebentos, na ânsia férrea da proteção. De pra , secretamente, dividi João Correia com você, numa lembrança suave de uma presença paterna mais próxima, ali na Itabaiana. Quando o velho Hildebrando partiu das Alagoas, senti uma pontada no coração. Sinto-a agora também amigo e choro ao seu lado essa perda. Acho que se encontraram, os dois, estão nos olhando e comentando o cruzamento que a vida propiciou a nós, se alegrando por sermos amigos. (Carlos Cauê).