segunda-feira, 15 de abril de 2013

Incansáveis golpistas


Não gosto dessas posições apriorísticas de uma certa esquerda superficial, ou, pior, do falso batalhão de democratas de última hora, como o senhor Paulo Henrique Amorim, que, por conta de suas refregas com a Globo, inventou um improvável PIG, o Partido da Imprensa Golpista. Não que o exercício da imprensa, no Brasil, não seja muito pior do que os chavões brandidos pelo sensacionalista apresentador da Record, mas quando as discussões já nascem toscas, o resultado sai ainda pior.
Vejamos o caso das eleições na Venezuela. A imprensa brasileira, sobretudo aquelas meninas bonitinhas da Globo News, trabalham duro há anos para desconstruir a figura de Hugo Chavez e a herança política legada por ele. Um detalhe (se é que isso é detalhe): governou por 14 anos, após ser eleito democraticamente. Antes disso, tentou um golpe e pagou por isso, na forma que as democracias cobram: cadeia. E o que querem mais as menininhas da Globo News? Capar Hugo Chavez? Ou, como diz a música de Chico, jogar pedra na Geni?
Ontem o herdeiro principal do Chavismo, Nicolás Maduro, venceu a eleição democraticamente. O derrotado é um molecote fascista, um Collor nascido com uns 20 anos de atraso nessa América Latina cansada de mauricinhos aventureiros. Eleição é feita de regra: e Maduro venceu dentro da regra. Mas, por ter vencido por uma margem surpreendentemente pequena (esperavam-se oito pontos de diferença e esta não passou de dois pontos), o arremedo de estadista financiado pelos venezuelanos de Miami rasgou a norma, pediu recontagem e assanhou a imprensa golpista. É triste concordar com PH Amorim, mas é fato. Acuado – e abatido pela vitória apertada – Maduro concordou com uma recontagem, que, ao fim e ao cabo, confirmará sua vitória. Porque o sistema eleitoral da Venezuela é tão confiável quanto o nosso (das poucas coisas confiáveis, lá e cá).
Enfim, é inacreditável que o analista-mor da Globo, aquele que o populacho chama de Merdal Pereira, questionasse hoje cedo a “legitimidade” do vencedor para governar. Estamos agora aguardando as soluções propostas pelos herdeiros do dotô Roberto Marinho sobre o caso. Ou seja, o presidente ganhou, mas ganhou por pouco na contagem do Merdal. Assim, na sua lógica caseira, ganha mas não leva. Esta é a visão de democracia da Globo e do jornalismo periguete da Globo News.