segunda-feira, 25 de abril de 2011

O casamento do século da próxima semana

A mídia se alimenta de patacoadas, ainda mais se vierem, como diz Elio Gaspari, do andar de cima. Sempre que uns figurões trocam alianças, irrompem no noticiário bobagens como “o casamento do século”. Todo século é pródigo nesses enlaces, como o que vai acontecer na próxima sexta, 29. Há um mês a Globo News nos bombardeia com o casamento do século da hora, do príncipe William com a plebéia Kate. De tal modo que na sexta passada eu acordei atordoado com a idéia, em busca de uma alternativa de canal que me livrasse da transmissão da cerimônia. Nem me dei conta que era sexta da Paixão, portanto, improvável para os pombinhos infernizarem as telinhas do mundo com o midiático evento.
Respirei aliviado e ganhei mais uns minutos de sono, mas desta sexta ninguém escapa: ou busca um canal comunista que esteja se lixando para a família real britânica, ou desliga a TV e vai pescar longe de todos. Isto porque o frisson contaminou homens e mulheres, inclusive brasileiros, que, sabe-se porque, consideram o assunto relevante para suas (nossas) vidinhas. E relevante não é. Nem o casório nem a monarquia inglesa, cuja existência, por si , é cada vez mais motivo de contestação por vários setores e personagens da vida real (de realidade, não de nobreza) no próprio país.
O Manhattan Conection desta semana, com a tabaroíce típica dos colonizados, dedica exaustivos minutos à questão, sem, no entanto, deixar de dar suas mordidinhas. Lembram que, na Inglaterra, há quem defenda a renúncia conjunta da Rainha e do boa vida do Charles, um sessentão que nunca pegou no batente e vive das facilidades e negócios da famiglia real. E que, apesar disso, ele foi um tipo menos certinho numa linhagem de formalismos e frescuras, tanto que deixou a (na visão do Manhattan) deslumbrada Diana para encarar o amor verdadeiro com uma namorada da juventude. O bom desse programa é esse desprendimento para derrubar unanimidades: enquanto o mundo adora uma princesa sempre em busca de celebridade, supostamente por enfrentar a caretice da nobreza britânica, os caras mostram o quanto Diana se contorcia para os holofotes, como era fútil em suas paixões por roupas de marcas e coisas que tais.
Me espanta como os ingleses - e os europeus de forma geral - se indignam com repúblicas de bananas, como o Brasil, cujo povo, à custa de uma exploração feroz e impostos escandinavos, sustenta uma elite parasita e políticos, em sua maioria, corruptos. , como , nosso sangue e suor bancam a festa da vagabundagem diplomada
  

Um comentário:

sonia pedrosa disse...

Como vc escreve bem, Luc!