segunda-feira, 4 de maio de 2020

Anotações sobre o fim do mundo (IX)

Ainda do livro Ninguém Me Contou, Eu Vi, de Sebastião Nery, em entrevista com Hélio Fernandes, da lendária Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro, o irmão de Millor conta que Golbery, o diabólico general que encantava até gente de esquerda (Glauber Rocha o chamou de gênio de raça, certa vez), era muito amigo de Carlos Lacerda. Mas brigaram no episódio do movimento para não dar posse ao presidente João Goulart. Jango, como se sabe, era o vice de Jânio, o tresloucado que renunciou pensando que o povo ia chamá-lo de volta. Como isto não se deu, e Goulart era temido pelos militares + UDN e a totalidade da burguesia nacional, começou uma conspiração para não permitir a posse de Jango, que, no dia da renúncia do presidente, estava em viagem à China. Como divergissem nas estratégias desse outro golpe, de amigos fraternos viraram inimigos figadais. Diz Hélio Fernandes, sobre o tal gênio da raça:
“Golbery só tinha uma meta e um objetivo no governo, que era liquidar a candidatura Lacerda. Golbery passa 24 horas por dia sem fazer nada, a não ser pensando em maldade contra alguém, para destruir alguém. Ele não tem nenhuma ideia construtiva. Nunca teve uma. O livro dele sobre geopolítica é terrivelmente cansativo, não tem nada de geopolítica, não tem nada de literatura. Tem apenas o número de páginas. Se fosse impresso em branco era a mesma coisa. Ele é um gênio da maldade.”

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