quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Piratas são os outros


Um singelo filtro de combustível para meu velho Ford Focus não pode ser encontrado na única loja “autorizada” em Sergipe. Imagine as desautorizadas, hein? Que nada: estas, situadas na Zona Franca da Coelho e Campos, têm disso e de um, tudo. A bola do câmbio, que na concessionária custa incríveis 244 reais, sai por modestos 12 pilas numa daquelas boas casas do ramo. Incrível, pela desavergonhosa diferença de preço e pelo fato de que uma bola de marcha é uma peça que, para usar um termo do Sebrae, não agrega tecnologia.
Em 2005 bateram com meu carro, na época um Fox da VW. Como o seguro cobria o conserto, a conta ficou em 9 mil reais, na autorizada do Santo Antônio. Serviço caro, serviço de primeira, confere? Nada. Meses depois, a pintura de uma das portas começou a soltar uma película. O diagnóstico: colocaram a película antes que a tinta secasse. A derrapada tabajara ficou por isso mesmo. Ninguém da Discar reparou a falha e o carro acabou vendido com a devida desvalorização. O conserto, nas não autorizadas, não passava de 4 mil.
La garantiza soy yo
Como no antigo comercial da TV, a balela da qualidade total que encantou os comunistas da época, salvo honrosas exceções, é uma cascata, ou seja, discurso. Para isso, afinal, existem sempre de prontidão um economista de sucesso ou um sindicalista de esquerda, com papos de reengenharias e trololós.
Assim, o mundo real, feito de um mercado forte e competitivo, responde com eficácia e economia de custos, impondo-se sobre a boa vida dos concessionários de qualquer coisa. No fundo, estes são monopólios disfarçados de capitalismo. Vide o caso das operadoras de telefonia que exploram o serviço de banda larga, referido aqui outro dia.
Enquanto isso, as polícias estaduais e a Federal, esta ideológica, sempre ideológica, e sempre contra a população pobre, exibe orgulhosamente apreensões de produtos que eles classificam (ideologicamente) de piratas.
Pobre e lascado povo, sem partidos políticos que o represente, sem utopias socialistas para, pelo menos, acender a esperança.

PS: Escrevi esse texto na terça, 02/02, prazo dado – e não cumprido – para que o tal filtro chegasse às prateleiras da Cimavel. Menos mal. Passei na ZF da Coelho e Campos e encontrei a peça, possivelmente a mesma que as terceirizadas fabricam para as autorizadas. Nestas, sairia por 39 mangos. No paralelo, 12 mirréis. Ah, e o vendedor, autorizadíssimo, prometeu o filtro para a segunda, 08/02. A Cimavel inventou a qualidade parcial.     

2 comentários:

João Augusto Freitas disse...

Infelizmente está história de peça genuína é só para a concessionária embolsar um valor irreal por uma peça. É a mesma cilada da garantia de três ou cinco anos. É para vc só trocar o óleo e filtro na loja autorizada pagando o triplo do que é cobrado no mercado.

Anônimo disse...

Essa mesma "autorizada" cobrou 350,00 para tirar um pequeno amassado de meu, não tão potente, mas envolvente, Ford KA. Com essa mesma historinha bonitinha de que o serviço autorizado é de qualidade e só usa peças genuínas. O mesmo serviço em uma "desautorizada" ficou por apenas 120,00. Emprenha pelo ouvido quem quer...