quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

"Rivaldo se vende e não entrega no Mogi"


A frase acima, meio desconexa, pincei da Rádio Douglas Magalhães, velho companheiro de jornalismo, maior twiteiro de Sergipe e repórter de faro fino (sem trocadilhos cavernosos). É o título do blog de Ricardo Kotscho no IG, mas, antes de seguirmos adiante, é preciso dizer que o colunista reconhece a incongruência e pede desculpas. Na verdade, a matéria tratava da atitude desrespeitosa do craque Rivaldo, que depois de prometer mundos e fundos ao time e à cidade de Mogi Mirim, inclusive vendendo carnês e amealhando patrocínios, abandonou o clube que jurava amores e fechou rapidinho com o São Paulo.
Kotscho foi um dos meus grandes professores, quase literalmente. Quando fazia Jornalismo, na Bahia, ele foi palestrante de um dos bons eventos promovidos pela boa Facom da UFBA, nos longínquos anos 80. A citação à sua manchete, aqui, é para ilustrar as derrapadas que todos cometemos, mesmo um Kostcho da vida, com seu talento incomparável e trajetória retilínea
Essas manchetes-pegadinhas, ora buscam acomodar trocadilhos lastimáveis, coisa que o bom jornalismo deixou para trásmuito tempo, ora refletem apenas os tais cinco minutos de burrice que, dizem alguns, todos temos direito por dia. Um colega de profissão, corrosivo nos seus diagnósticos, vaticina: “isso é jornalismo de estagiário”. Entendo o que ele quer dizer, com a anotação de que tenho pelos estagiários um conceito muitas vezes melhor do que o de profissionais. trabalhei com eles nas inúmeras redações por onde andei e vou dizer: em grande parte, saiu melhor do que a encomenda. Mas isso é assunto para um futuro post. Fiquemos nos títulos infelizes.
Aqui na taba, cabe ao portal Infonet a missão de nos brindar diariamente com um jornalismo de quinta. Até chequei a colecionar barrigadas, grosserias, imprecisões e o puro exercício de imprensa marrom, mas cansei de perder tempo. Como dizem os Titãs: quero saber do que pode dar certo. Outro dia “manchetaram” um evento com um político local na sessão talk-show (nem sei se faço uma tradução que se aproxima, mas é mais ou menos isso) chamada de “Cabaré de Quinta”. Refere-se a encontros quinzenais que um grupo de jornalistas promove às quintas-feiras com autoridades em um bar local. A Infonet não perdeu a chance da piada ruim: Fulano vai ao Cabaré nesta quinta. Assim mesmo, sem aspas, sem um lead explicativo, deixando os menos avisados com mil pulgas nas orelhas. Imagino o trabalho que o convidado daquela quinzena teve para explicar o que a matéria, se cumprisse sua finalidade, deveria ter feito.
É assim.

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