domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Primavera Árabe é para todos


Curioso como a maioria das pessoas agora se espantam com o tempo em que cada um desses ditadores árabes em apuros ficaram no poder. Uns com 30, outros 40 anos, montados sobre fortunas em petróleo, exploradas diretamente por suas famílias. Inventam até a tradição, como o reino da Jordânia, que é uma solução do colonialismo britânico para manter seus negócios. A idéia de um Kadafi assassino, que nunca foi novidade, agora é dramatizada como elemento chave na conquista da opinião pública mundial. Que vá Kadafi para o exílio ou para o inferno, mas o buraco continua sendo mais embaixo.
No Egito, os militares tomaram logo as rédeas do movimento, antes que aquilo encaminhasse, de verdade, as providências de uma revolução popular. Mas nada anula a força da praça Tahir, que pode, a qualquer momento, levar de novo as multidões excluídas ao protesto. Porque a exclusão é a demanda principal das pessoas insatisfeitas com o antigo ou com novos regimes que não levem isso em conta.
Na Líbia, um moribundo Kadafi tenta sobreviver com um argumento patético: que a insurreição é comandada por Bin Laden-Al Kaeda. Quis comover a “comunidade internacional”, mas ninguém deu bola. Poderia ter dito que o grito de pega-ladrão de vem acompanhado de interesses econômicos dos compradores de petróleo, que prefeririam – olhe , sempre ela, a tradição – uma Líbia dividida em três, formada pelas nações tribais em que se dividem seus seis milhões de habitantes, população da cidade do Rio de Janeiro. Vendedor dividido é vendedor fraco, o melhor dos mundos para o comprador.
Como no Egito, os tubarões do petróleo medem cada milímetro dos movimentos tomados, cientes da garantia dos seus negócios. Mas a praça Tahir está como símbolo e exemplo para o mundo, inclusive em democracias meia-sola, como a brasileira, afundada irreversivelmente na corrupção. Está, por exemplo, na força da internet e de ferramentas como as redes sociais, como o Twitter. É pegar a bandeira e brandir nas pracinhas virtuais do ciberespaço.   

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