segunda-feira, 21 de junho de 2010

Tapas madrilleñas I

Saramago
Há anos uma ex-namorada me presenteou o “Ensaio sobre a cegueira”. Na época achei-o chato. Li uns três capítulos e guardei para um dia. Esses dias, pouco antes de viajar, peguei de meu pai, que tem todos os Saramagos, “As pequenas memórias”. Uma delícia que trouxe na bagagem e agora me acompanha. Os porraloucas da literatura beat (também gosto dela... gosto de tudo... ahahah.... não tenho personalidade forte) chamavam-no de “Saramargo”.

Os chinos
Como se sabe fartamente até na isolada Aracaju, os chineses espalharam-se pelo mundo como praga. Mas tem o lado bom, com boa vontade. Aqui, todas as espécies de bobagens indispensáveis, desde cotonetes, pincel de barba e outras inutilidades, só são encontradas nesses estabelecimentos. A preços infinitamente mais baixos. Só tem uma coisa que não achei nem nos chinas: aquele suporte de plástico para passar meu café da Colômbia. Aceito tudo nesta vida: ficar sem celular, café expresso e mulé cheirosa, se for o caso, mas sem cotonete não dá.

Um jeito complicado de ser
Fico até com vergonha de vir pra cá fazer uma parte de um doutorado e acabar falando em torneiras e descargas, mas esses espanhóis, aliás, os europeus, encontram soluções espantosas para as coisas simples do dia a dia. Fico perplexo com a diferença de nós, brasileiros, cuja dinâmica impõe a cada minuto soluções criativas, inteligentes e eficazes. Isso, para tudo. Não sei por que diabos em todos os lugares só usam umas torneiras estúpidas que abrem e fecham no levantar ou baixar, sendo que, a cada momento, provoca um banho no infeliz usuário.

Casca grossa dá em todo lugar
Outro mito que não resiste a três semanas de convivência aqui é o da fineza européia. Vim aqui outras vezes antes, mas sempre a passeio, ficando localizado nas áreas centrais das cidades, onde habitam o estranho ser chamado turista. Viver num bairro, com gente comum do país, é diferente. Minha colega de cafofo diz que um outro morador, anterior a mim, era meio briguento com o barulho do vizinho de cima e que, por essa divergência, certa vez foram às vias de fato. Pois não é que o encrenqueiro tinha razão. É um toc-toc-toc pior do que a velha que morava em cima de mim (opaa... digo, no piso superior) lá no RS. Em todo caso, como bom nordestino, já sinalizei com umas batidas de vassoura no teto. Para bom entendedor, uma vassourada basta.

O lirismo do cotidiano?
Como disse, fico sem jeito de falar de coisas menores, mas amigos e leitores do blog pedem que eu conte a experiência do cotidiano, mesmo sem grandes narrativas. E alguns ainda dizem: há nessa banalidade explícita um lirismo latente. Ah, bom...

Twitter partidário
A rinha política que se estabelece no Twitter, com velhas raposas do jornalismo e viúvas de governos passados, me faz lembrar aquela frase dita por Caetano, quando uma turba de mal educados atrapalharam o show de João Gilberto: “vaia de bêbado não vale”.  

E per si muove...
Numa camiseta que cruzou comigo esta semana: “To beer or not to beer”.

Luciano Correia

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