sexta-feira, 28 de maio de 2010

O bode no cinema

Quem leu “A festa do bode”, de Vargas Llosa, sabe que estou falando de um dos melhores livros da literatura latinoamericana. O brilhante Llosa conta a história do ditador da República Dominicana, Rafael Leônidas Trujillo, pelo olhar de Uranita, filha de um dos mangangões nos 30 anos em que o general ocupou o poder.
Nas telas, “O ditador”, dirigido por Luís Llosa (deve ser filho, mas não achei a confirmação numa só fonte da internê). Trata-se de uma das raras adaptações que não envergonham o livro. Ao contrário, o diretor enriquece os personagens e faz o que é mais difícil na dramaturgia: dá o recheio psicológico a cada um deles, situando-os na tragédia social que representou a ditadura de Trujillo na bela República Dominicana.
Mas além de uma direção firme, dos bons atores e de uma delicada reconstituição dos anos 50 e 60, o filme é ainda uma aula de história e política. Cair em desgraça, como se diz por aqui, no governo de Trujillo, não é diferente de experimentar o ostracismo em qualquer governo modernoso de hoje, mesmo os que se pretendem democráticos.
Por fim, o diabo manda avisar: Trujillo, que detinha 70% de todas as terras do país e 90% da indústria, morreu atravessado por dezenas de balas disparadas por agentes e ex-agentes secretos de sua própria polícia. Nada mais humano do que uma história dessas.

Um comentário:

RosaS disse...

Luciano
esse livro é ótimo mesmo, mas li aos solavancos. Tinha de parar pra tomar fôlego porque embrulha o êtomago.
A pior cena de tortura que já li está nesse livro-a refeição oferecida no cárcere a um dos inimigos de Trujilo(não lembro mais o nome).Gente!! Como alguém pode imaginar uma coisa dessas!! Só da inominável crueldade desses ditadores! Abraço
Rosa Sampaio