A Globo News reprisou hoje o documentário “Garrafas ao mar”, de Geneton
Moraes Neto, sobre Joel Silveira, considerado por muitos o melhor repórter da
imprensa brasileira. Quem leu suas memórias, “Na fogueira”, vencedor do prêmio
Jabuti, pode constatar o quanto este sergipano foi íntimo do poder, talvez o
que conviveu mais próximo das grandes decisões da república. No governo
Getúlio, aliás, dois sergipanos figuravam na corte: o poderoso – e temido -
chefe do DIP, Lourival Fontes, e ele, “A Víbora”, o intrépido Joel, repórter
dos Diários Associados de Chateaubriand.
Vejam a desenvoltura com que transitava na órbita do poder. Certa vez, em
viagem de navio para a Europa, ele pagou um jantar para o ex-presidente Jânio
Quadros, que estava acompanhado da mãe e de dona Eloá. Jânio chegou e
apresentou a genitora: “Minha mãe. Está com câncer em estado avançado”. Joel,
explicando depois: “Eu ia dizer o quê? Ah, minha senhora, tome um
Alka-Seltzer.”
Essa outra não está no programa,
mas numa entrevista ao mesmo Geneton, que perguntou:
- Se o senhor fosse nomeado ditador de Sergipe, qual a primeira providência
que tomaria?
- Proibir a entrada de João Gilberto no Estado. Já seria um bom começo. Não
existe nada tão chato quanto a Bossa-Nova.
Lêdo Ivo
Outro que deixou saudades, recém falecido, alagoano dos bons, o escritor
Lêdo Ivo tinha um humor incorrigível. Na edição de “Piauí’ desse mês ele conta
uma sobre Orígenes Lessa, escritor e jornalista que viveu no Rio de Janeiro a
partir de 1924. De beleza e elegância notórias e os modos refinados de quem
freqüentou a Escola Dramática do Rio de Janeiro, certa vez encantou-se com uma
bem apanhada mulata que dividia o mesmo bonde na então capital federal. Pegou o
endereço e lá foi um dia bater na porta da moça, onde foi recebido por um
guarda-roupa casca grossa, talvez o irmão, que falou da porta da casa:
- Fulana, tem um viado aqui fora querendo falar com você.
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