domingo, 24 de fevereiro de 2013

Joel Silveira, garrafas ao mar



A Globo News reprisou hoje o documentário “Garrafas ao mar”, de Geneton Moraes Neto, sobre Joel Silveira, considerado por muitos o melhor repórter da imprensa brasileira. Quem leu suas memórias, “Na fogueira”, vencedor do prêmio Jabuti, pode constatar o quanto este sergipano foi íntimo do poder, talvez o que conviveu mais próximo das grandes decisões da república. No governo Getúlio, aliás, dois sergipanos figuravam na corte: o poderoso – e temido - chefe do DIP, Lourival Fontes, e ele, “A Víbora”, o intrépido Joel, repórter dos Diários Associados de Chateaubriand.
Vejam a desenvoltura com que transitava na órbita do poder. Certa vez, em viagem de navio para a Europa, ele pagou um jantar para o ex-presidente Jânio Quadros, que estava acompanhado da mãe e de dona Eloá. Jânio chegou e apresentou a genitora: “Minha mãe. Está com câncer em estado avançado”. Joel, explicando depois: “Eu ia dizer o quê? Ah, minha senhora, tome um Alka-Seltzer.”
  Essa outra não está no programa, mas numa entrevista ao mesmo Geneton, que perguntou:
- Se o senhor fosse nomeado ditador de Sergipe, qual a primeira providência que tomaria?
- Proibir a entrada de João Gilberto no Estado. Já seria um bom começo. Não existe nada tão chato quanto a Bossa-Nova.

Lêdo Ivo

Outro que deixou saudades, recém falecido, alagoano dos bons, o escritor Lêdo Ivo tinha um humor incorrigível. Na edição de “Piauí’ desse mês ele conta uma sobre Orígenes Lessa, escritor e jornalista que viveu no Rio de Janeiro a partir de 1924. De beleza e elegância notórias e os modos refinados de quem freqüentou a Escola Dramática do Rio de Janeiro, certa vez encantou-se com uma bem apanhada mulata que dividia o mesmo bonde na então capital federal. Pegou o endereço e lá foi um dia bater na porta da moça, onde foi recebido por um guarda-roupa casca grossa, talvez o irmão, que falou da porta da casa:
- Fulana, tem um viado aqui fora querendo falar com você. 

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