terça-feira, 5 de março de 2013

O Papa (quase) ficou pop



“Águas agitadas e ventos fortes”, disse o velho Ratzinger na semana passada. Vixe Maria! O papado é mais que um senado, é o céu na terra, é o paraíso sem precisar morrer, porque é o dono da batina quem negocia diretamente com Ele, o Poderoso. Para um papa de direita, ideólogo de João Paulo II, a dupla que desmontou o mundo bipolar, pulverizou a utopia socialista e pôs no lugar o mundo cão, é assustador o que estamos vendo. Imaginar que Bento XVI se tornaria o lado bom da história é uma das raras surpresas do trôpego carrossel da História. Significa ainda que o silêncio da burguesia eclesiástica das grandes e pequenas paróquias agora é fronteira entre o bem e o mal, o crime versus a tentativa de salvação da agonizante Santa Madre S/A. Business contra o business mafioso .
Um nadinha de um cargo público já ilude os bobos com a vida fácil, imagine ser O Papa, alguém que é como um time que entra em campo só pra fazer gol, sendo proibido ultrapassar sua grande área. Mas Ratzinger é alemão e esses alemães são tão esquisitos que o esperto chefe da Iglesia pode até acreditar nas suas bravatas. A perecer na névoa dos dinheiros sujos, da pedofilia quase oficial e outras iniqüidades agregadas, preferiu o politicamente correto, o poder paralelo e a celebridade midiática, com a Santa Sé no bolso de suas saias.
Dezessete séculos de domínio começam a ruir, sem que, com isso, o mundo melhore um milímetro. Caetano cantava: substituir o novo pelo imediatamente mais novo. A História, com sua descontinuidade, acena: a barbárie, por outras selvagerias emergentes. É o mundo: E pur si muove.


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