“Águas
agitadas e ventos fortes”, disse o velho Ratzinger na semana passada. Vixe
Maria! O papado é mais que um senado, é o céu na terra, é o paraíso sem precisar morrer, porque é o dono da
batina quem negocia diretamente com Ele, o Poderoso. Para um papa de direita,
ideólogo de João Paulo II, a dupla que desmontou o mundo bipolar, pulverizou a
utopia socialista e pôs no lugar o mundo cão, é assustador o que estamos vendo.
Imaginar que Bento XVI se tornaria o lado bom da história é uma das raras
surpresas do trôpego carrossel da História. Significa ainda que o silêncio da
burguesia eclesiástica das grandes e pequenas paróquias agora é fronteira entre
o bem e o mal, o crime versus a tentativa de salvação da agonizante Santa Madre
S/A. Business contra o business mafioso .
Um nadinha de
um cargo público já ilude os bobos com a vida fácil, imagine ser O Papa, alguém
que é como um time que entra em campo só pra fazer gol, sendo proibido
ultrapassar sua grande área. Mas Ratzinger é alemão e esses alemães são tão
esquisitos que o esperto chefe da Iglesia pode até acreditar nas suas bravatas.
A perecer na névoa dos dinheiros sujos, da pedofilia quase oficial e outras
iniqüidades agregadas, preferiu o politicamente correto, o poder paralelo e a
celebridade midiática, com a Santa Sé no bolso de suas saias.
Dezessete
séculos de domínio começam a ruir, sem que, com isso, o mundo melhore um
milímetro. Caetano cantava: substituir o novo pelo imediatamente mais novo. A
História, com sua descontinuidade, acena: a barbárie, por outras selvagerias
emergentes. É o mundo: E pur si muove.
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