sábado, 9 de outubro de 2010

O mundo medievel vive na tucanalhada

Não gosto quando uma eleição polariza entre dois lados, porque a democracia acaba sendo empobrecida por um debate reducionista. Aqui, então, temos, de um lado, o mundo medievel liderado pelo monstro em que se transformou a sombra do antigo homem José Serra. Do outro, diante da necessidade de mantermos o governo progressista de Lula, temos de ceder anéis, dedos e dinheiros para garantir a vitória e a governabilidade. Sou um eleitor de Dilma um tanto diferente da maioria fervorosa. Já disse aqui no blog e resumo em poucas palavras: a redução da pobreza, uma distribuição de renda, mesmo tosca, mas nunca feita por nenhum presidente, e, por fim, a recuperação do Estado e de sua materialidade, ou seja, o serviço público.



Ao contrário do tucanalha FHC, um homem mentiroso e desonesto, sou a favor de Estado forte, com poder fiscalizador e para intervir na economia, sempre que esteja em jogo os interesses da sociedade. Esse papo do livre mercado, o trololó da liberdade de empresa e de imprensa, é tudo conversa fiada para enganar a juventude incauta. O pouquinho de civilidade que temos no Brasil, com uma educação universal e garantias mínimas para os trabalhadores (mínimas mesmo), vem do governo de Getúlio Vargas, que criou a Petrobrás e outras estatais, o salário mínimo e fincou as bases da industrialização no país. FHC destruiu tudo isso e vendeu o que pôde por 30 dinheiros. Lula, na medida do que foi possível, restituiu um pouco daquilo que poderíamos ainda chamar de Nação.



O que está em jogo nesta eleição é a velha conspiração de sempre: as elites nacionais e regionais, com a adesão dos ignorantes, querendo retomar o poder para esquartejá-lo novamente com a curriola. A coligação que apóia Dilma tem problemas e contradições, mas nada que desfigure a essência de um projeto de governo que não é de Lula nem só do PT, mas de um conjunto de forças e opiniões que batalham há anos, desde a ditadura, para garantir essas conquistas que o governo Lula empreendeu. Em suma, são o Brasis velho e novo que se enfrentam nas urnas, com a certeza anunciada de que uma eventual vitória do PSDB significa um retrocesso de anos. Vai ficar difícil colocar novamente o país nos trilhos. Perderemos identidade, poder e respeito internacional. Isso vira de novo uma prostituição financeira e moral, afinal, esta é a marca dos tucanalhas: desrespeito aos direitos e a desgraça das famílias.



O ÓPIO DO POVO



Desgraçadamente, a mesma polarização traz de volta um tema que parecia adormecido em campanhas eleitorais, posto que as sociedades civilizadas sequer cogitam discutir isso na esfera da política. Aqui, o retrocesso, o mergulho sombrio na idade média, se faz pela invasão da religião no debate eleitoral. É lamentável, triste, vergonhoso. No twitter, terra de ninguém e exemplo de nossa degradação mental, pululam insultos de todo tipo. Ofensas gratuitas, como chamar Dilma de lésbica, ou invenções pura e simples, tiradas do nada, aleivosias de quem, sem munição para o saudável debate das ideias, recorre ao terrorismo para defender um candidato. Como o desespero é confissão de derrota, fico mais tranqüilo, embora preocupado com um país que, dividido, guarda em um dos lados a voz renitente do atraso.



CIRO GOMES



Disse aqui outro dia minha opinião sobre Ciro Gomes. É a que tenho desde muitos anos e não vou mudar por razões eleitorais. Mas vale dizer: como ministro da Fazenda de um governo de reconstrução, o de Itamar Franco, nacionalista, Ciro tem conhecimento de causa desse trecho da história, sobretudo da descarada traição perpetrada por Fernando Henrique contra seu criador, o próprio Itamar. O que veio depois, com Serra no planejamento econômico e FH rodando a bolsa no exterior, Ciro, melhor do que ninguém até agora, dá um depoimento que merece reflexão. O link está disponível abaixo e, para os incrédulos, é muito simples: basta (para ser fiel à condição) não acreditar.



http://www.conversaafiada.com.br/video/2010/10/06/video-sensacional-como-o-ciro-chama-o-serra-as-falas/

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