domingo, 17 de outubro de 2010

O Brasil mergulha nas sombras

A opinião do autor do blog está explicitada no post anterior, do qual eu retiraria, se fosse o caso, alguns impropérios dirigidos aos políticos do PSDB, a quem chamo de tucanalhada, em especial à figura cínica e agressiva de José Serra. Retiraria, talvez, em nome das boas maneiras, que não existem mais em Oropa, França ou Bahia, muito menos na política ou no território de ninguém da blogosfera. Porque, no grosso, a argumentação em favor da candidatura de Dilma procede e a recíproca, idem. Está feita, pois, a meu modo, uma declaração de voto, só pra lembrar que foi nesta eleição que os antes pretensamente neutros “Estadão” e “Folha de S. Paulo” saíram do armário e declararam o que todo mundo sabia: que detestam qualquer sombra de política de esquerda e amam e patrocinam candidatos de centro-direita como os tucanos.



Mas não fossem minhas rarefeitas convicções, ficaria difícil, sobretudo ao eleitor “comum” (e o que é isso, enfim?) fazer sua escolha a partir do material posto pelos candidatos, digo, pelos projetos de candidaturas, que é o que se transformaram as campanhas políticas no Brasil. Hoje o candidato não importa mais. Suas opiniões, virtudes e defeitos, ingredientes que constituem o tempero das diferenças, são pasteurizados nas ilhas de edição por esse novo príncipe emergente, um tal de marqueteiro. Saudades de Brizola, com seu jeito único na política nacional. E ai de quem dissesse ao velho “caudilho” que aquelas horrendas sobrancelhas não caíam bem nas telas analógicas da TV dos eleitores.



No Brasil de agora, mais que a futilização imposta pelo marketing, emerge uma inacreditável volta à idade média, combinada com sua sujeição à idade mídia. Isto, graças a quem entende das sombras medievais, a criminosa Santa Madre Igreja Católica, com seus milhões de mortos nas fogueiras da Inquisição, sua sanha assassina na conquista do poder material e simbólico. Logo esta Puta Madre que, mergulhada no século 21 na vergonha de um Papa fascista (de carteirinha, pois que dos mais convictos adoradores de Hitler) e no vexame dos variados tipos de criminosos sexuais de batina espalhados no mundo inteiro. É esta, pois, a principal e hoje única herança legada por essa instituição em frangalhos, tão em crise que perdendo espaço até para os medievais evangélicos.



Pois essa firma em bancarrota, em vez de desculpar-se pelo passado e buscar um lugar no novo mundo das disputas ideológicas, instala, com seu modus operandi, uma volta ao domínio das mentes pelas lógicas do terror. Em busca (este, sim, é o verdadeiro motivo do “interesse” dessa apática igreja de tarados e viados) de valorizar sua condição de cabo eleitoral na atual elei$$ão, a Puta Madre Igreja retoma temas superados no mundo civilizado, como a condição religiosa dos candidatos (temente a Deus ou ateu?) e a condenação ao aborto por razões religiosas. O resto do mundo, lúcido e racional, já resolveu essas questões. Assunto de aborto não é de religião, que, ademais, é uma abstração interior de cada um. Deus, portanto, existe conforme o gosto do freguês. E é isto.



Minha geração, que cresceu discutindo política maior, iluminada pelos exemplos da revolução francesa e das contribuições marxista, anarquista e existencialista, é pilhada agora com o emburrecimento das idéias, a simplificação grosseira e a falsificação do debate político. Deus, aquele que habita minhas mais recônditas incertezas, me livre desses inquisidores que brotam das trevas para o mundo midiático de pastores evangélicos, bispos escrotos (“bichos escrotos, saiam dos esgotos”) e cândidas Marinas. Eu quero outro mundo e nós, o Brasil criativo em todas as artes, exemplo para o mundo de urbanidade e tolerância, não pode ceder a esses grotescos personagens do passado.

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