segunda-feira, 22 de julho de 2019

O fim de mais um pequeno sonho

Ontem à noite chegou ao fim o sonho da torcida tricolor da Serra em ver a gloriosa Associação Olímpica de Itabaiana ascender à série C do campeonato brasileiro. Mais uma vez, ficou faltando um gol. O terrível terceiro gol do Ituano, em Itu, na semana passada, deixou nosso sonho mais distante. Precisávamos ganhar por dois de diferença para decidir nos pênaltis, ou vencer por diferença de três gols. Ficamos a meio caminho ao bater o Ituano por um a zero no nosso castigado Mendonção. Do ponto de vista técnico, foram duas partidas no mata-mata: perdemos lá e ganhamos aqui. Tecnicamente, poderíamos muito bem estar na confortável zona da série C. Moralmente somos vitoriosos, mas, na real, voltamos à planície do campeonato sergipano e à estaca zero na tentativa de sair do limbo em que se encontram centenas de clubes brasileiros praticamente sem chances de sair do inferno. Desde que ficou definido que pegaríamos o Ituano e não, por exemplo, o Floresta de Pernambuco, vi nossas chances se estreitando. Não que faltassem garra e futebol, como, de fato, não faltaram a este heróico plantel de modestos 50 mil reais. O que estava em jogo era o gigante estado de São Paulo contra o pequenino e pobre Sergipe, completamente fora do cenário do futebol nacional, desde que as séries foram se instituindo e nos empurrando gradativamente para a rabada, os piores entre os piores. E São Paulo, com seus esquemas comerciais de patrocínio e financiamento fez valer a força da grana. No jogo de ida em Itu foram fartas promoções, distribuição de ingressos, para mobilizar a cidade na torcida pelo seu time. São Paulo, com quatro grandes clubes praticamente fixos na divisão de elite, mais um ou dois na B e outros tantos na C, ainda brigou caninamente para bater os sergipanos. E não adianta dizer que futebol se ganha no campo, porque, como se sabe, é no campo mesmo que não se ganha. Os tapetões, subornos, pressões e agora o famigerado VAR, tudo isso faz do futebol um terreno tão inescrupuloso quanto o que atribuem à política. Não estou chorando mágoas nem dizendo que fomos roubados. Fomos, sim, vítimas de um modelo predador, que só favorece os mais fortes e cria enormes barreiras à entrada de novos atores. Com isso, além da concentração e da repetição da lógica de mais do mesmo, resulta em campeonatos assimétricos do ponto de vista regional, da geografia, da cultura e da vida brasileira. O modelo vigente não favorece aquela que é a palavra santa em todos os setores da vida no mundo inteiro, a diversidade. É disso que estamos falando e é disso que me ressinto. De resto, vale registrar a garra dos nossos valorosos combatentes. E escolho dois para render as homenagens ao conjunto. Primeiro, ao presidente Alberto Nogueira, a quem, em alguns momentos, reclamei de excessiva tolerância nos embates locais com a federação de futebol, mas que, competente e sábio, paciente e cheio de esperança, tangenciou todas a dificuldades e levou ao time à quase classificação. Ontem Alberto se consagrou um campeão sem título, e, por tudo que fez pelo nosso querido e sofrido Tremendão, entra de vez para a galeria dos grandes da nossa serra. Depois, o técnico Ferreira, ex-jogador e há muitos anos funcionário do clube, um tolerante e educado rapaz que nunca se incomodou em ser o tapa-buracos nas transições de comando técnico. A prata da casa que, toda vez que foi acionado, deu resultados positivos ao time. Agora, convocado de novo, fixou-se de vez com uma capacidade que nem os estrelados treinadores que por aqui passaram conseguiram realizar, com a diferença de receber um salário infinitamente menor do que os medalhões e de colocar a alma em cada treino ou partida. Parabéns, meus amados tricolores serranos.

Um comentário:

sonia pedrosa cury disse...

Luciano, torço pelo nosso futebol... Mas acho tão difícil que as coisas "aconteçam". o torcedor precisa ter muita fé para continuar acreditando e torcendo.
Grande abraço
sonia