É o que venho dizendo há algum tempo - já o fiz no meu último livro, de 2015. O modelo de negócio da radiodifusão (sobretudo a Televisão) vem num declínio constante desde a consolidação da convergência dos meios. O que é este momento da consolidação? Trata-se do instante em que novos contingentes de consumidores/usuários migram para outras plataformas: o computador, tablets e, sobretudo, o celular. Um sintoma disso: grande parte das gerações mais jovens, dos 20 anos para trás, consome conteúdos audiovisuais via essas novas plataformas. Mudou a forma, mudou o conteúdo. Neste novo ambiente, é inimaginável que essa garotada criada sob novas gramáticas (eles mudam até a forma de escrever e subvertem, ao seu modo, a chamada língua culta), esteja interessada, por exemplo, em telenovelas. Novela é do tempo de minha mãe, dos dramalhões radiofônicos do Direito de Nascer, importados de Cuba e México. A Globo dominou a forma com Glória Magadan e construiu uma estética brasileira para o produto, que acabou virando referência e sucesso no mundo inteiro. Era o tão referido Padrão Globo de Qualidade. Mas o mundo mudou e nossos heróis obsolesceram sentados no trono de um apartamento com as bocas escancaradas cheias de dentes e ofuscados pelo próprio brilho. Mudou a tecnologia para produzir e consumir essa cultura pop que alimenta o circo/círculo da indústria cultural, como assim também mudaram os repertórios. A TV como conhecemos, assistida na grade de programação linear, que um dia foi uma revolução no entretenimento, já começou a morrer faz tempo. A notícia em questão é só sintoma. A causa é a agonia do modelo de negócio e a crise (e morte) das velhas narrativas televisivas.
Pela 1ª vez em 14 anos, Globo fica de fora do Emmy Internacional
Luciano Guaraldo do site Notícias da TV informa que, pela primeira vez em 14 anos, a Globo não terá nenhum produto original na disputa pelo Emmy Internacional. Os indicados foram anunciados na manhã desta quinta-feira (27) e, apesar de o Brasil concorrer em seis categorias, a liderança ficou com a série 1 Contra Todos, da Fox. GNT e HBO também foram lembradas pelos votantes do prêmio.
Fenômeno de audiência e de crítica, A Força do Querer não foi aclamada. Isso marca a primeira vez desde 2010 que o Brasil não emplaca uma obra no quesito melhor telenovela, categoria no qual o país levou seis dos dez troféus já entregues.
Outro sucesso no Ibope, O Outro Lado do Paraíso não pôde concorrer à premiação deste ano, que contempla produções transmitidas entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2017. Apesar de ter estreado em 23 de outubro, a novela de Walcyr Carrasco exibiu a maior parte de seus capítulos em 2018 _por isso, só competirá no Emmy Internacional do ano que vem.
A Globo só será representada na premiação na categoria telefilme ou minissérie, com José Aldo – Mais Forte que o Mundo. A obra, no entanto, é uma produção da Globo Filmes para o cinema, que foi reeditada como uma minissérie para a televisão.
Um comentário:
Acho que mudamos muito, né? Ninguém mais tem tempo de sentar para assistir à TV por horas e horas... Pra mim, a Tv é um eletrodoméstico tipo o liquidificador. Só ligo quando preciso - pra ver um filme e pra ver os jornais da Band e o Nacional. Também vejo Pedro pelo Mundo e outros programas de turismo. E só. Novela, há muitos anos que não vejo.
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