segunda-feira, 1 de outubro de 2018

É o que venho dizendo há algum tempo - já o fiz no meu último livro, de 2015. O modelo de negócio da radiodifusão (sobretudo a Televisão) vem num declínio constante desde a consolidação da convergência dos meios. O que é este momento da consolidação? Trata-se do instante em que novos contingentes de consumidores/usuários migram para outras plataformas: o computador, tablets e, sobretudo, o celular. Um sintoma disso: grande parte das gerações mais jovens, dos 20 anos para trás, consome conteúdos audiovisuais via essas novas plataformas. Mudou a forma, mudou o conteúdo. Neste novo ambiente, é inimaginável que essa garotada criada sob novas gramáticas (eles mudam até a forma de escrever e subvertem, ao seu modo, a chamada língua culta), esteja interessada, por exemplo, em telenovelas. Novela é do tempo de minha mãe, dos dramalhões radiofônicos do Direito de Nascer, importados de Cuba e México. A Globo dominou a forma com Glória Magadan e construiu uma estética brasileira para o produto, que acabou virando referência e sucesso no mundo inteiro. Era o tão referido Padrão Globo de Qualidade. Mas o mundo mudou e nossos heróis obsolesceram sentados no trono de um apartamento com as bocas escancaradas cheias de dentes e ofuscados pelo próprio brilho. Mudou a tecnologia para produzir e consumir essa cultura pop que alimenta o circo/círculo da indústria cultural, como assim também mudaram os repertórios. A TV como conhecemos, assistida na grade de programação linear, que um dia foi uma revolução no entretenimento, já começou a morrer faz tempo. A notícia em questão é só sintoma. A causa é a agonia do modelo de negócio e a crise (e morte) das velhas narrativas televisivas.





Pela 1ª vez em 14 anos, Globo fica de fora do Emmy Internacional

 
Juliana Paes na pele da Bibi Perigosa de A Força do Querer: novela aclamada não concorre a prêmio. Foto: ESTEVAM AVELLAR/TV GLOBO
Luciano Guaraldo do site Notícias da TV informa que, pela primeira vez em 14 anos, a Globo não terá nenhum produto original na disputa pelo Emmy Internacional. Os indicados foram anunciados na manhã desta quinta-feira (27) e, apesar de o Brasil concorrer em seis categorias, a liderança ficou com a série 1 Contra Todos, da Fox. GNT e HBO também foram lembradas pelos votantes do prêmio.
Fenômeno de audiência e de crítica, A Força do Querer não foi aclamada. Isso marca a primeira vez desde 2010 que o Brasil não emplaca uma obra no quesito melhor telenovela, categoria no qual o país levou seis dos dez troféus já entregues.
Outro sucesso no Ibope, O Outro Lado do Paraíso não pôde concorrer à premiação deste ano, que contempla produções transmitidas entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2017. Apesar de ter estreado em 23 de outubro, a novela de Walcyr Carrasco exibiu a maior parte de seus capítulos em 2018 _por isso, só competirá no Emmy Internacional do ano que vem.
A Globo só será representada na premiação na categoria telefilme ou minissérie, com José Aldo – Mais Forte que o Mundo. A obra, no entanto, é uma produção da Globo Filmes para o cinema, que foi reeditada como uma minissérie para a televisão.

Um comentário:

sonia pedrosa cury disse...

Acho que mudamos muito, né? Ninguém mais tem tempo de sentar para assistir à TV por horas e horas... Pra mim, a Tv é um eletrodoméstico tipo o liquidificador. Só ligo quando preciso - pra ver um filme e pra ver os jornais da Band e o Nacional. Também vejo Pedro pelo Mundo e outros programas de turismo. E só. Novela, há muitos anos que não vejo.