Em marcha avançada, o processo de
judicialização da política brasileira. Trocando em miúdos: o novo golpe se dará
por esta via, a das filigranas formais (ou supostas) buscadas no infinito
oceano de subjetividades que regulam o pensamento jurídico.
1) No
episódio da cassação dos deputados, há duas semanas, o ministro Celso de Melo
subiu o tom contra o parlamento e condenou o que chamou de “corporativismo político”
de um segmento da sociedade. Como assim, corporativismo, doutor ministro? É
assim que um poder fala com outro? É assim que funciona a república na sua
cabeça? E, quase por extensão, no politizado tribunal que ele representa?
2) Os
poderes são independentes, portanto, à Câmara cabe o direito de cassar deputados.
E a legitimidade dessa instância não é inferida pela vontade ou ira de um
membro de outro poder. Os parlamentares são eleitos pelo povo, através do
processo eleitoral mais moderno do mundo (vide o que diz a Justiça Eleitoral) e
só ao poder legislativo cabe revogar uma representação conferida pela
sociedade.
3) O
juiz dessas e de todas as querelas será sempre o povo, salvo nos momentos em
que alguém tentou substituir tal critério. Sem populismos verborrágicos, vamos às
ruas discutir o funcionamento de tudo: da política, dos políticos, do Supremo,
enfim, do mundo da vida.
Um comentário:
Perfeito.
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