quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A política tem que voltar às ruas


Em marcha avançada, o processo de judicialização da política brasileira. Trocando em miúdos: o novo golpe se dará por esta via, a das filigranas formais (ou supostas) buscadas no infinito oceano de subjetividades que regulam o pensamento jurídico.

1)      No episódio da cassação dos deputados, há duas semanas, o ministro Celso de Melo subiu o tom contra o parlamento e condenou o que chamou de “corporativismo político” de um segmento da sociedade. Como assim, corporativismo, doutor ministro? É assim que um poder fala com outro? É assim que funciona a república na sua cabeça? E, quase por extensão, no politizado tribunal que ele representa?
2)      Os poderes são independentes, portanto, à Câmara cabe o direito de cassar deputados. E a legitimidade dessa instância não é inferida pela vontade ou ira de um membro de outro poder. Os parlamentares são eleitos pelo povo, através do processo eleitoral mais moderno do mundo (vide o que diz a Justiça Eleitoral) e só ao poder legislativo cabe revogar uma representação conferida pela sociedade.
3)      O juiz dessas e de todas as querelas será sempre o povo, salvo nos momentos em que alguém tentou substituir tal critério. Sem populismos verborrágicos, vamos às ruas discutir o funcionamento de tudo: da política, dos políticos, do Supremo, enfim, do mundo da vida.