quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Princesa e as plebéias

Amigas queridas comentam post do blog sobre o casamento dos boas vidas ingleses. O marido, o príncipe William, muito mais boa vida do que qualquer mortal. Dizem, com razão, que um casamento como este é um espetáculo riquíssimo em todos os detalhes, do cerimonial da realeza aos panos da noiva, da enorme bolsa de Elizabeth e a inevitável pergunta que ela deriva: o que tem na bolsa da Rainha? A crítica às minhas recaídas machistas-leninistas, são pelavontade em ver no casório algum tempero de entretenimento. De fato, não acho graça na festa dos ricos, pela perfeição do script, mas me distraio com a dos pobres, pelo conjunto da obra que uma bagaça dessa traz consigo.
Xico Sá, cronista melhor colocado no ranking da hora, faz uma crônica comovente no seu blog, muitíssimo mais visitado que o meu. Ele fala nas feiras livres de Sampaulo e a beleza das “donasque encantam nossas compras e fazem a festa de feirantes e pregoeiros. Xico a feira como uma alegre festa de princesas anônimas, apertadas nos vestidinhos e largas nos sorrisos. Segundo ele, os vendedores são mestres em produzir gracejos, adjetivos às pencas, elogios às dúzias. Por fim, vaticina: “Meia hora de uma mulher na feira vale mais do que um mês de análise, do que a onda de orientalismos tantos do mercado, do que a yoga, do que o mestre japonês das agulhas, do que uma banheira de sais, do que um dia de cartão de crédito free na Oscar Freire...”
Então, voltando ao cronista da feira do Augusto Franco, também me encanto mais com as cenas do cotidiano, naquilo que ele oferece de prosaico e belo, como a vendedora de queijo de olhos de ressaca, que não sei bem o que é, mas li em Machado e penso que cabe naquela beleza brejeira. Alguns hão de dizer que cada um carrega os sonhos do tamanho de sua alma. Pode ser. Mas não me importo se minhas expectativas estão no circuito Mosqueiro-Augusto Franco-Itabaiana. Nada tenho contra o glamour dessa gente polida em forma e conteúdo, que estou num momento hardy.
O lirismo do cotidiano, para usar o título de uma antiga coluna da revista Vida simples, depende da encomenda do freguês, e pode ser captado, inclusive, nos jardins de Buckingham. Remar com a maré ou preferir a diversidade, é uma questão de escolha do papel para entrar no grande circo da vida, nas novas variações de realidade e fantasia.   

2 comentários:

Jornalista Mônica Pinto disse...

Querido Luc, embora aprecie alguma dose de glamour dos ricaços, também prefiro a beleza da simplicidade. Mais que isso, acho as mulheres princesas cuja realeza está na luta diária - que só uma mulher, a bem da verdade, conhece em plenitude. Grande beijo da sua fã

sonia pedrosa disse...

Luc, tb penso como você. A gente comum é que tem graça. Ricos e celebridades são muito insossos... tanto é que, quando Regina Casé emplaca um programa, que geralmente é sobre o povo e tem o povo como foco, é um sucesso.
Beijos