Um singelo filtro de combustível para meu velho Ford Focus não pode ser encontrado na única loja “autorizada” em Sergipe. Imagine as desautorizadas, hein? Que nada: estas, situadas na Zona Franca da Coelho e Campos, têm disso e de um, tudo. A bola do câmbio, que na concessionária custa incríveis 244 reais, sai por modestos 12 pilas numa daquelas boas casas do ramo. Incrível, pela desavergonhosa diferença de preço e pelo fato de que uma bola de marcha é uma peça que, para usar um termo do Sebrae, não agrega tecnologia.
Em 2005 bateram com meu carro, na época um Fox da VW. Como o seguro cobria o conserto, a conta ficou em 9 mil reais, na autorizada do Santo Antônio. Serviço caro, serviço de primeira, confere? Nada. Meses depois, a pintura de uma das portas começou a soltar uma película. O diagnóstico: colocaram a película antes que a tinta secasse. A derrapada tabajara ficou por isso mesmo. Ninguém da Discar reparou a falha e o carro acabou vendido com a devida desvalorização. O conserto, nas não autorizadas, não passava de 4 mil.
La garantiza soy yo
Como no antigo comercial da TV, a balela da qualidade total que encantou os comunistas da época, salvo honrosas exceções, é uma cascata, ou seja, só discurso. Para isso, afinal, existem sempre de prontidão um economista de sucesso ou um sindicalista de esquerda, com papos de reengenharias e trololós.
Assim, o mundo real, feito de um mercado forte e competitivo, responde com eficácia e economia de custos, impondo-se sobre a boa vida dos concessionários de qualquer coisa. No fundo, estes são monopólios disfarçados de capitalismo. Vide o caso das operadoras de telefonia que exploram o serviço de banda larga, referido aqui outro dia.
Enquanto isso, as polícias estaduais e a Federal, esta ideológica, sempre ideológica, e sempre contra a população pobre, exibe orgulhosamente apreensões de produtos que eles classificam (ideologicamente) de piratas.
Pobre e lascado povo, sem partidos políticos que o represente, sem utopias socialistas para, pelo menos, acender a esperança.
PS: Escrevi esse texto na terça, 02/02, prazo dado – e não cumprido – para que o tal filtro chegasse às prateleiras da Cimavel. Menos mal. Passei na ZF da Coelho e Campos e lá encontrei a peça, possivelmente a mesma que as terceirizadas fabricam para as autorizadas. Nestas, sairia por 39 mangos. No paralelo, 12 mirréis. Ah, e o vendedor, autorizadíssimo, prometeu o filtro para a segunda, 08/02. A Cimavel inventou a qualidade parcial.
2 comentários:
Infelizmente está história de peça genuína é só para a concessionária embolsar um valor irreal por uma peça. É a mesma cilada da garantia de três ou cinco anos. É para vc só trocar o óleo e filtro na loja autorizada pagando o triplo do que é cobrado no mercado.
Essa mesma "autorizada" cobrou 350,00 para tirar um pequeno amassado de meu, não tão potente, mas envolvente, Ford KA. Com essa mesma historinha bonitinha de que o serviço autorizado é de qualidade e só usa peças genuínas. O mesmo serviço em uma "desautorizada" ficou por apenas 120,00. Emprenha pelo ouvido quem quer...
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