Meus parceiros
da querida Fundação Aperipê,
Primeiramente
quero dizer que o sentimento que me move agora, ao deixar a presidência da
Fundação Aperipê, é de alegria, nunca de tristeza. Alegria, porque, lá atrás,
ao tomar posse, marcamos no ski line do infinito algumas metas a serem
encampadas. E hoje, três anos e meio depois, eu digo com segurança: se não
cumprimos todas, mas avançamos muito, sobretudo nas questões fundamentais, como
a digitalização, a qualificação da programação dos três veículos da casa, a
implantação, pela primeira vez na sua história, da racionalização
administrativa, financeira... A adoção do planejamento estratégico, outra
figura desconhecida na casa e da consolidação de um padrão Aperipê próprio para
as programações das rádios e da TV. Foi graças a este padrão que inserimos
nossa FM no círculo da Arpub, a associação das rádios públicas brasileiras, e a
TV Aperipê nas rotinas produtivas da TV Brasil. Seguramente, foi esse trabalho
que nos fez respeitados na EBC, a Empresa Brasil de Comunicação, com quem
dialogamos no mesmo nível, com a convicção de que dialogamos no mesmo plano dos
grandes canais do eixo sul-sudeste-Brasília, com quem tivemos, durante todo o
tempo, uma interlocução respeitosa e de reconhecimento mútuo. Para não me
alongar, vou apontar apenas o exemplo do programa Estação Periferia, o primeiro
programa da televisão sergipana exibido em rede nacional (27 estados, mais de
100 canais) e rede internacional, pela TV Brasil Internacional, em 68 países.
Levamos para o Brasil e o mundo não só os modos de vida, a cultura e a beleza
sergipanas, mas sobretudo um modo sergipano de fazer televisão. Dissemos ao
mundo: nós somos capazes de produzir nossas próprias gramáticas audiovisuais
para disputar a atenção do grande público presente na convergência digital.
Quando aqui
cheguei, essa jóia da cultura e do povo sergipanos, que é a Fundação Aperipê,
era o patinho feio da administração estadual. Era um dos poucos espaços que nem
mesmo os políticos reclamavam para seus quadros. Na posse, prometi apenas uma
coisa ao governador Marcelo Déda: vou honrar o cargo e dignificar minha gestão.
Eu sabia que daria certo, por duas razões bem simples: 1) me sentia capacitado
para tal; 2) montaria uma equipe que iria fazer, comigo, a passagem da velha
para a nova Fundação Aperipê, digital, cumprindo a finalidade nobre da
educação, cultura e do jornalismo cidadão. Sempre conferi ao exercício desse
cargo uma importância que só eu sei, uma importância me enchia de orgulho e
alegria, mas não uma importância banalizada num ato pueril como bater no peito
e achar as nomenclaturas e os cargos nos bastam. Não. A Aperipê era importante
porque eu a sabia instrumento de mudanças objetivas, concretas, da construção e
reforço da identidade sergipana, de nossa interlocução com o mundo global no
mesmo patamar de quem também se sabe dono de uma cultura superior, a cultura
sergipana; de quem elabora suas próprias sintaxes, ferramenta para a produção
do conteúdo local, justamente a matéria prima da cultura imaterial com a qual
ingressamos no extenso universo multicultural das disputas simbólicas.
Os desafios eram
os de sempre – e tão batidos, que nem vou referi-los. Mas não vim para
choramingar pelos escassos recursos, materiais ou humanos. Vimos para realizar
na adversidade. E foi nesse ambiente de eterna crise que renegociamos dentro do
próprio governo a restauração da credibilidade perdida. Eu e Mônica
peregrinamos por todos os Crafis e equivalentes da administração estadual,
prometendo, tão somente, cumprir as regras, prazos, enfim, exercer nossa
atividade precípua com competência e dentro dos cânones do serviço público, sem
atalhos, remendos, sem fazer de uma repartição pública uma ação entre amigos,
sem permitir a perniciosa prática dos variados tipos de assédio, que, lamentavelmente,
é tão comum no nosso país; sem nepotismos ou outras modalidades de benefícios
aos nossos; sem perseguições ou injustiças. Ainda temos muito que avançar, não
só na consolidação do PCCV, mas, mais que isso, na valorização e reconhecimento
da comunicação pública, desde o ambiente interno, do governo, até as demais
esferas, sem esquecer que essa finalidade só se cumpre com a valorização
daqueles que materializam as metas e os discursos, os trabalhadores que operam
o milagre de colocar no ar, diariamente, duas emissoras de rádio e uma
televisão, máquinas que funcionam com lógicas de mercado, mas com engrenagens
do serviço público.
Fizemos tudo
isso, nos permitam a imodéstia, com competência, racionalidade e transparência,
um padrão raro na atual conjuntura do serviço público brasileiro. Otimizando o
uso de cada real disponível, fazendo reengenharias diárias para o melhor
aproveitamento dos recursos humanos. Certos de que os recursos do tesouro
estadual, que já não eram generosos com nossa Fundação, são cada dia mais
escassos, apostamos nas parcerias locais para viabilizarmos o apoio cultural
para algumas produções. Focamos prioritariamente na prestação de serviços à
EBC, através do contrato do jornalismo, vendendo conteúdo local à rede. Foi
daí, economizando cada centavo, como uma dona de casa rege a economia
doméstica, que juntamos os recursos para fazer a passagem de patamar
tecnológico, de analógico para digital.
Assim, ao
concluir essa etapa muito rica no currículo dos que compõem nossa equipe,
gostaria de agradecer a todos e, na impossibilidade de citá-los um a um, me
permitam os demais, homenageá-los nas figuras de Mônica Passos, diretora
administrativa e financeira, com quem sofri diariamente as dificuldades, mas em
quem encontrei talento e disposição para enfrentá-las e vencê-las: minha grande
e fiel colaboradora, que ajudou a fazer uma Aperipê grande. Jefferson Andrade,
esse touro de quem se dizia indomável, mas com uma inteligência maior do que o
propalado temperamento: um lutador incansável, uma das maiores referências das
telecomunicações do nosso estado. A Rosângela Dória, uma guerreira fazendo no
seu cotidiano o milagre da multiplicação dos parcos recursos, para registrar as
ações de governo, atender à TV Brasil e, principalmente, servir à sociedade
civil sergipana, com um jornalismo politizado, mas sem partidarizar sua atuação,
nem se submeter ao corporativismo daninho, uma praga que está destruindo o
estado brasileiro. Por fim, ao meu provedor musical Alex Santana, cúmplice na
formatação de um conceito de rádio que fez da Aperipê FM uma das melhores do
Brasil. Porque criar um canal de música, mesmo que bem selecionada e antenada
com as novas emergências, não significa necessariamente fazer uma rádio
arejada, que passeia sua programação pelos vários públicos ouvintes, sem
desprezar o jornalismo cidadão e a prestação de serviços.
Quero agradecer
ao meu amigo Belivaldo Chagas, novamente vice-governador, mas que, como
secretário de Educação do exercício anterior, portanto presidente do Conselho
Deliberativo da Fundação Aperipê, foi parceiro da dor e da alegria na saborosa
aventura de conduzir esta casa. Belivaldo sabe muito bem das dificuldades e,
como presidente do Conselho, contribuiu enormemente para as realizações da
Fundação Aperipê. Por fim, quero desejar as boas vindas a um amigo de longas
datas, um companheiro de trabalho em vários veículos por onde passamos, um
profissional ético e competente, cuja escolha acertada é garantia de
continuidade dos avanços e conquistas. Messias Carvalho estava afastado do
rádio, quando fui buscá-lo para encarnar o nosso jornalismo cidadão nas rádios
Apeipê. E quando ele mal se acomodara no microfone, joguei no seu colo um novo
desafio: fazer o programa também na TV. De modo, meu querido Messias, que a
passagem para seu comando é a mais suave e tranqüila possível, sob todos os
aspectos. De parabéns você e o governo que o terá como auxiliar dos mais
importantes.
Mas quero
agradecer, fundamentalmente, ao governador Marcelo Déda, que me convidou para –
citando novamente Alex Santana – o melhor emprego do mundo (porque quando a
gente gosta do que faz, o trabalho parece brincadeira). Ao governador Jackson
Barreto, que assumiu efetivamente em 2013 e me confiou a direção da Fundação
até este momento, me dando a raríssima oportunidade de trabalhar pela
comunicação e cultura de Sergipe. Tudo o que nossa geração de combatentes
irrequietos queria era justamente isso: a chance de realizar. E os governadores
Marcela Déda e Jackson Barreto, ao me nomearem, disseram: faça! Nós fizemos e
os frutos ficam agora para o julgamento dos que se interessarem por história. Muito
obrigado!
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