Luciano – Tom, como está a
saúde?
Tom
Zé – (Solta uma longa risada). Contente de ouvir esta voz nordestina... Ah, (a
saúde) tá ótima. O coração ficou perfeito.
Luciano – Tom, aqui é o Luciano Correia, da Rádio UFS On
Line, de Aracaju. Você inclusive vai estar aqui nos dias 9 e 10 de dezembro...
Tom
– Por isso a alegria é dupla: finalmente eu vou a Aracaju.
Luciano – Uma coisa curiosa: você primeiro encantou lá
fora, depois de ter passado cerca de 20 anos praticamente no ostracismo, por
fazer uma música considerada difícil. Como é que você encara esta
extraordinária que seu trabalho alcançou aqui, somente depois de reconhecido lá
fora?
Tom
– Tem um episódio que explica um pouco o que você tá perguntando e que
aconteceu aí vizinho de vocês no Recife, no “Abril Pro Rock” de 1998, uma coisa
curiosa. Eu ainda era considerado um compositor “de elite”, meio difícil e
tal... Foi no encerramento... Eu, um artista de elite, vou cantar, entro no
palco. Não deu tempo tirar as 8.500 pessoas que estavam lá para botar 8.500
intelectuais, não sei nem se tinha isso no Recife. O fato é que eu cantei pra o
mesmo público de todo mundo. E aí, na hora em que eu fiz um sucesso danado e que o público não queria que eu saísse do
palco e que não deixava outra banda subir e o diabo, como a imprensa toda do
Brasil estava presente lá, nessa noite acabou-se o mito do artista difícil e
nasceu um cantor popular que tá agora falando aqui na Rádio UFS de Sergipe e de
Aracaju para o Luciano, graças a Deus.
Luciano – Mas você ainda não
realizou um sonho, que é cantar nas rodoviárias e nos cabarés... (ele interrompe com uma
gargalhada, surpreso com a citação aos cabarés, presente em algumas das
matérias e releases que divulgam sua obra na internet)
Tom
– Tá bom, tá bom, nos cabarés eu não tinha botado, não, mas é uma ótima idéia.
Quando eu era pequeno frequentava cabarés em Irará e – ave Maria! – tocar lá
seria uma glória.
Luciano – Aliás, como foi essa história de só ter
conhecido uma lâmpada aos 13 anos de idade?
Tom – Bom, querido, aí em Aracaju naturalmente são
capital e são muito mais jovens que eu. Eu nasci em 1936 e nessa época Irará
era a Idade Média, cidade muito pequena do interior da Bahia. Eram 13 mil almas
vivendo ali, sem nenhum automóvel, nenhum motor, nenhum caminhão, nenhum
barulho que fosse da civilização. Então todas as relações, de trabalho,
familiares, aquilo era uma Idade Média em todos os sentidos. E um belo dia uma
família rica de Feira de Santana construiu três casas em Irará, antes de chegar
a energia elétrica, em 1950. Isso foi em 47, 48. E então eles puseram luz
elétrica e um dia, na casa do farmacêutico, minha mãe e eu íamos descendo para
casa e a mulher do farmacêutico chamou a gente e nos sentou naquela varanda. E
acendeu uma lâmpada pra gente ver a luz elétrica: nossa senhora! Realmente, uma
lâmpada daquela, límpida, absolutamente clara, sem nada que manchasse a clareza
da luz quem parecia que vinha do próprio Paraíso. Parece que naquela hora
morreram a mula sem cabeça, o lobisomem, a caipora, todos os monstros de
assombração da minha infância, porque naquele tempo a noite era o sítio do
medo, era a hora de ter medo para as crianças.
Luciano – E isso
não te provocou também um desencanto?
Tom – Cada elemento da civilização, o cinema, a
torneira... A torneira ainda é uma coisa mais fantástica. Você é acostumado a
pegar água a três, quatro quilômetros da cidade e o pessoal com jegues ia lá
com quatro barris e traziam pra minha casa, que era uma casa grande, botava
numa talha e então tínhamos água para
beber a semana toda. Por que a água pra tomar banho e lavar roupa era de uma
cisterna cavada no fundo da casa. Então um belo dia eu fui numa casa em
Salvador e aí minha tia disse: “lave o rosto ali”. Eu olhei pra aquela pia
vazia e pensei “como é que vou lavar o rosto ali?” Ela mandou abrir a torneira
e eu vi aquele negócio com aquele biquinho lá em cima, mas não podia imaginar
que aquilo é o que se chama de torneira. Quando ela abriu que aquilo saiu água
de dentro, era como se a fonte da nação tivesse andado até dentro de minha
casa... um verdadeiro milagre. E na hora que eu acabei ela disse: “Feche, feche
a torneira”. Aí eu já me arrisquei e fechei totalmente e vi que a fonte
desapareceu. Que coisa mais mágica! Coisa de conto de fadas. Assim foi tudo da
civilização na minha vida, tudo, o mar, as ruas, o calçamento das ruas... o
próprio alfabeto. Nossa senhora!, o alfabeto pra entrar na minha vida foi uma
coisa fantástica. Aliás, aí perto de vocês, em Sergipe... ou Alagoas, tem um
dos melhores escritores do Brasil que é
o ... (demora a lembrar o nome)
Luciano –
Graciliano Ramos...
Tom – O Graciliano, que fala também da infância dele de
maneira maravilhosa. Ele é de Aracaju ou de...
Luciano – Não, ele
é Quebrangulo, na época povoado pertencente a Palmeira dos Índios, Alagoas,
onde foi prefeito...
Tom – É, isso
mesmo. O contato dele com o alfabeto também foi uma coisa fantástica... Eu
estou contando isso para os jovens procurarem ler o livro dele sobre isso, que
é uma maravilha. Agora, eu também estou lançando um livro, o “Tropicalista
Lenta Luta”, que fala de como eu, na infância, me metendo a fazer música, me
deparei com uma realidade trágica: o fato de eu não ser bom compositor, como
não sou até hoje; não ser bom cantor, como não sou até hoje; e não ser bom instrumentista,
como não sou até hoje. Foram dessas deficiências que eu construí o caminho que
tá me permitindo falar agora na Rádio UFS...
Luciano – Agora,
você encontrou um Rio ou São Paulo supostamente modernizado, já com a torneira
e a luz há muito tempo. Mas musicalmente esse “Sul maravilha” vivia na Idade
Média também... (ele corta e diz que não). Mas o tropicalismo não é também um rompimento com essa Idade Média, não
é a luz que acende...
Tom – É, você pode considerar isso, porque aqui estava
chegando a terceira revolução industrial, tava chegando a automação do
computador e dessa multiplicação da força humana já diferente da multiplicação
que as máquinas permitiam, que foram as 1as e 2as revoluções
industriais. Mas na terceira revolução realmente o computador ainda estava
chegando aqui. Em 1968, para caber os computadores que existiam em São Paulo
era preciso fazer uma sala enorme para entrar aquele monstro...
Luciano – Era o
“cérebro eletrônico”...
Luciano – Sim, isso, o cérebro eletrônico. Mas o Tropicalismo
realmente colaborou para criar uma disposição, uma aceitação do mundo novo,
isto criou. Mas no que se referia à minha saída da Idade Média pra música que
fiz até 1960, era realmente um rompimento de espaços transoceânicos, no sentido
de trans-seculares, de espaços trans-seculares. Mas a partir de Salvador, em
1949, quando eu fui estudar lá, era uma cidade de 400 mil habitantes. Hoje você
sabe que tem 2 ou 3 milhões...
Luciano – Três
milhões, é a terceira cidade brasileira hoje...
Tom – Você vê que loucura... Então era uma cidade
provinciana. Quando passava um automóvel na rua você dizia “lá vai o doutor
Fulano”. Os automóveis eram conhecidos pelos donos. Hoje nem cidade do interior
mais goza dessa coisa bucólica.
Luciano – Você diz
que não se considera bom compositor nem cantor até hoje ... (ele corta)
Tom – Ora, (com ênfase) eu não sou! Eu não me considero:
eu não sou! Eu construí um caminho e um sucesso, principalmente no exterior,
fora da estrada que era palmilhada pela boa música, pela boa voz, pelo bom
instrumentista.
Luciano – Você tem
uma voz belíssima, Tom.
Tom – Bom, hoje em dia já pode admitir, é claro, que eu
aprendi um pouco a cantar, mas quando eu era jovem, pode perguntar às pessoas
mais velhas da cidade (Irará) que anos 40 cantar não era o que eu faço...
Cantar era uma coisa expressionista que necessitava de toda potência da
voz, porque precisava ter potência de voz, e fazer aquela coisa superdramática
e tal... Cantar não era o que é hoje.
Luciano – Mas eu
ouvi hoje um dos seus primeiros discos e achei uma coisa linda, afinadíssima...
Tom – Hoje em dia, no universo que vivemos, esse tipo de
coisa que eu faço pode ser chamada de cantar. Mas como eu tenho 67 anos e
comecei a tentar fazer isso em 1950, naquele tempo o que eu faço hoje não era
cantar. O verbo cantar não era pra essa atitude. Era a chamada voz de taquara
rachada.
Luciano – E então
a que você atribui sua explosão no mundo. O disco “The Best of Tom Zé” é
considerado um dos 10 melhores do mundo, numa relação onde, em 150, nenhum
outro brasileiro é citado...
Tom – É curioso isso. Eu passei por um ostracismo, por
uma fase de completo esquecimento de1973 a 1990, quando este disco que você tem
na mão foi lançado. Ele foi feito em 1990 e lançado pelo David Bowie nos
Estados Unidos, mas os discos que contêm nele, dessa compilação, foram feitos
em 1973 , chamava-se “Tom Zé Todos os olhos”, aquele que tem o ânus na capa
(sic) e o outro chamou-se “Estudando o samba”, de 1976. Imagine que no Brasil,
em 73 e 76 se fizeram dois discos que em 90 foram lançados juntos nos Estados
Unidos. Esses dois discos juntos, feitos no Brasil na década de 70, na década
de 90 foram escolhidos como um dos melhores 15 discos do mundo. Nossa Senhora,
como esse Brasil faz música boa...
Luciano – Pois é,
e nós temos Tom Jobim, temos tantos artistas que fazem sucesso lá fora e você
tá muito à frente... (corta)
Tom – Não, eu não tou à frente. No caso de Jobim ele é
realmente “um rei da bola”. Agora no exterior minha música circula com grande
divulgação, com tapete vermelho e tal.
Luciano – Agora, a
alegria de ser redescoberto no exterior não causou também uma certa tristeza
por ter sido lá fora e não aqui?
Tom – Não, não. Quando você acha um colo materno, uma mãe
para lhe acolher, isso pode ser do outro lado do mundo, no Japão, na China, na
Cochinchina, em qualquer lugar você tá acolhido por uma mãe. Claro que quando
eu voltei a poder tocar no Brasil, a
circular aqui, isso me deu uma alegria renovada. Mas na hora que você está abandonado, que você está exposto, como
se fala na Bíblia, isso vale como se fosse eternamente uma bênção.
Luciano – E agora a mãe
Brasil tá lhe acolhendo muito bem, né?
Tom – Sem dúvida, o que é uma grande alegria, porque,
afinal de contas, eu faço minha música para o Brasil. Todos os elementos da
minha música são brasileiros, eu sou (com ênfase) sambista! Eu faço samba!
Claro que é um samba bastante estranho, mas é samba. O curioso é isso: eu não
faço rock, nem iê-iê-iê, nem diabo nem porra nenhuma. Eu faço samba e baião e tá
acabado. E outra coisa: as pessoas que amam minha música no exterior amam uma
música cantada em português, português da Bahia. Porque o pessoal pode pensar
que a música vai pra lá traduzida. Não. Vai uma tradução na contracapa do
disco, mas as músicas são em português. Eles amam a língua portuguesa através
da gente.
Luciano – Em
“Defeito de fabricação” (Cd lançado em 1998) você diz “A burrice está na mesa”.
Isso tem a ver um pouco com esse Brasil de hoje? Você acha que há uma burrice
até sendo majoritária em relação à inteligência que poderia trazer as soluções
para os nossos problemas?
Tom – O Brasil é um país que tem vocação para a pesquisa, para a descoberta,
mas é muito pouco o dinheiro que as universidades recebem para a pesquisa
séria. Entretanto, de vez em quando aparece um mulatinho aí no “Jornal
Nacional” com o nome de Ferreira da Silva, José dos Santos, Maria das Dores,
que acabaram de descobrir uma colaboração para a pesquisa que o mundo tá
fazendo agora no genoma humano ou na engenharia genética. Então o Brasil tem
vocação pra pesquisa. Mas existe uma intenção de lobotizar a população
brasileira e isso agora é mais obra da
força do dinheiro internacional. Porque para se erradicar o analfabetismo aí no
nosso Nordeste é muito difícil, porque o dinheiro que às vezes o próprio
governo manda fica nas mãos dos coronéis. Então nós estamos acostumados com
esses vícios. Enquanto os grandes interesses capitalistas ou empresas
internacionais querem populações miseráveis, que não saibam nada, pra poder ter
emprego miserável e ganhar uma miséria, nós também lutamos: nossa música,
nossas emissoras de rádio, nossa imprensa... Muitas vezes até nossos governos
lutam na direção contrária.
Luciano – E por
falar na ascensão dos Silvas, esse Inácio da Silva que chegou no Palácio do
Planalto, como é que você está vendo o
governo dele?
Tom – Eu costumo dizer que agora não sou mais pedra, sou
governo. Porque eles acham que, como eu critico muito, sou um eterno anti-PT.
Mentira, na verdade eu critico quando vejo que tem coisa que pode melhorar. Mas
toda vida eu sou pelo lado mais ético, mais civilizado, mais responsável da
política nacional, que naturalmente é o PT. Então agora eu não posso nem
criticar mais. Quando o PT não era governo eu podia criticar até o próprio PT.
Agora não.
Luciano – O
período que você passou no ostracismo, passou dificuldades, não foi?
Tom – Ah, sim, claro. Não passei fome, mas dificuldades
muitas. Minha mulher trabalhava como secretária e acabava que, na divisão (do
sustento) da casa, ela tinha de entrar com mais dinheiro do que eu. Mas aqui em
São Paulo tem uma coisa gozada: a classe universitária é muito numerosa, aqui e
no interior. E como eu era artista deles, os diretórios acadêmicos ligavam e eu
ia lá cantar. E eu tinha um remediado dinheirozinho que ia mantendo as coisas, até que em 1999 eu
desisti disso. Nas vésperas do David Byrne me procurar eu ia pra Irará tomar
conta do posto de gasolina do meu sobrinho, porque quando eu era pequeno meu pai
tinha loja. Eu queria um trabalho desse gênero, não queria ficar aqui
trabalhando em nada, porque não sou paulista nem do sul...
Luciano – Então,
eu ia te perguntar isso: é séria essa história de que você pensou em tomar
conta do posto do seu sobrinho em Irará? Ia ser frentista?
Tom - É isso, trabalhar num posto de gasolina.
Esta semana a televisão da Bahia, a ...
Luciano – A TV
Educativa?
Tom – A Educativa
foi lá em Irará e eu botei gasolina em dois ou três carros e baixei o preço da
gasolina, fiz uma promoção lá (dá uma gargalhada). No posto onde eu iria
trabalhar, no posto do Dequinha, na entrada de Irará. O pessoal de Aracaju
conhece Irará... (Muda de assunto e lembra a infância no interior da Bahia).
Escuta, tinha uma praia, eu acho que já era do lado de Sergipe, chamada
Jorro... (se refere ao município de
Caldas do Jorro, no sertão baiano, a cerca de 400 km de Aracaju). Essa praia
ainda é famosa? Meus pais foram uma vez, mas eu nunca fui...
Luciano – Não.
Jorro é um balneário, Caldas do Jorro, perto de Caldas de Cipó. É distante do litoral,
fica distante de Aracaju, mas é razoavelmente perto da fronteira de Sergipe com
a Bahia...
Tom – Ah, então procure saber direito, pra quando eu for
aí vocês me contarem, porque meus pais foram pelo menos uma vez e na minha
infância eu lembro que era um lugar de sonho. Eu sonhava muito de ilha e tal. E
eu nunca fui, porque a seca de Irará não deixava eu juntar dinheiro.
Luciano – Você já
foi do Partido Comunista, não foi?
Tom – Metade de minha família era reacionária, metade era
do Partido Comunista. E eu tava sempre
ali perto do partido, embora frequentei quando estava em Irará, em 1960, porque
os caras do partido lá eram um puta barato. Bicho, o delegado de Irará era
comunista: Raul Cruz, a gente chamava ele “O xerife”. O dono do jogo do bicho,
João Pechincha, era comunista. Tertuliano Teixeira, um cara maravilhoso, que
tinha uma fabricazinha de vinho de jurubeba. Eram companhias adoráveis, as mais
finas de Irará. Eu ia nas reuniões do partido toda semana. No interior do
Brasil tem essas idiossincrasias: às vezes o padre é que é comunista. Não eram
intelectuais, mas eram pessoas vivas, sábias e eu gostava muito deles. Mas em
Salvador nunca fui ao partido. Quando trabalhei no CPC (o Centro Popular de
Cultura da UNE, nos anos 60) eu era considerado como se fosse do partido. Não
tinha nada contra isso, porque ninguém me cobrava adesão 100 por cento nem me
incomodava ser teoricamente do partido, do “Partidão”, né? Eu tinha muitos
amigos no PC do B.. Porque eu nunca fiz distinção, nunca me interessou essas
brigas bodas. Qualquer coisa que fosse de esquerda era digna da minha atenção.
Luciano – Você já
cantou em Irará?
Tom – Em Irará eu cantei em 1968, quando ganhei o
Festival da Record me levaram para cantar num cinema. Foi um show horroroso,
uma esculhambação. Depois, um dia, alguns comerciantes de lá pagaram uma cota e
me levaram pra cantar num lugar aberto. Também foi muito difícil, eles não
podiam levar a banda e eu tive que cantar sozinho. (Diz, enfático) Em Irará eu
não sou um artista, em Irará sou um fracasso!
Luciano – Você não
tem vontade de refazer essa história, consertar essas coisas?
Tom – Ah, se tivesse dinheiro eu levava uma banda,
mandava montar um palco com o melhor som do mundo e fazia um puta show de
arrasar em Irará, desses que eu faço na Europa. (risos)
Luciano – E o
último disco, “Imprensa cantada”...
Tom – Eu vou vender aí tanto o disco, quanto o livro,
quanto o DVD, a preços muito mais baratos.
Luciano – Seu
livro seria um contraponto ao “Verdade tropical” de Caetano Veloso?
Tom – Talvez possa ser. Hoje mesmo li uma crítica de um
jornalista da “Folha de S. Paulo”, aconselhando a comprar o livro, ele dizendo
que o Caetano escreveu como o autor de um ensaio e que eu escrevi simplesmente
como um artista... (ele interrompe: “rapaz, tá armando uma chuva aqui
formidável, aqui em São Paulo tá precisando de chuva). Enfim, escrevo de uma
maneira bem mais simples... (ele dispersa o raciocínio) ... outro dia me
ligaram de Itabaiana pra saber se eu ia aí (Luciano interrompe e diz que é a
cidade dele). Pois então, avise ao pessoal de Itabaiana que eu vou mesmo. Vão
amigos de Recife me encontrar aí e de Alagoas... de Arapiraca também.
Luciano – O meu
pai, que mora em Itabaiana e tem 77 anos, vem para o show, sabia?
Tom – (solta uma longa gargalhada). Diga a ele que vou
cantar uma música pra ele, uma música bem antiga...
Luciano – O nome
dele é João Correia.
Tom – Diga a ele que sem João não tem show em Aracaju.
Luciano –
Obrigado, Tom, foi um prazer.
Tom – O prazer é meu. Eu tava sonhando para ir a
Aracaju.Viva Aracaju e não se morre mais, na Rádio UFS...
Luciano – Viva Zé,
o nome do Tom.
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