Quando
vi as manifestações de protesto contra a postura de William Bonner na
entrevista com Aécio, matei a charada: “isso é factóide pra pegar a Dilma”,
pensei com meus botões. Bonner foi um pouco duro, para angariar credibilidade
jornalística, produto muito escasso na Globo (nas organizações inteiras) há
séculos, desde – e principalmente – quando vivia o Papa Roberto Marinho. Tudo
combinado, com perguntas possivelmente discutidas antes com o candidato tucano,
a ver pelo fato dele não demonstrar surpresa com a “dureza” das perguntas.
O
mesmo procedimento, em menor grau, foi adotado na entrevista com o finado
Eduardo Campos. Dilma, portanto, que preparasse o cangote. Não sei se preparou,
embora todas as perguntas fossem previsíveis. Aliás, não havia nem como pensar
em outro tipo de perguntas. Ela esperava as perguntas, mas, talvez, sem a
agressividade demonstrada até pela abobalhada Patrícia Poeta.
Uma
não entrevista
A
rigor, Dilma não estava ali para ser entrevistada, mas confrontada, quiçá
provocada mesmo. Tinha então que negar peremptoriamente a farsa da falsa
entrevista. Se era debate, que fosse para o debate, com a agressividade
necessária para não permitir que uma patricinha Poeta fizesse cara de nojo para
a Presidente da República. Mas não. Faltou o que tem faltado ao governo dela,
no campo do enfrentamento a essa direita traiçoeira/trapaceira. Ir pra cima,
discutir critérios jornalísticos, informação como direito público, manipulação
da verdade, sensacionalismo e outras desgraças que só ela, ordenadora de vultosas
verbas para a mídia privada, tem conhecimento mais que nosotros.
A
rigor, essa guerra vem sendo perdida há tempos, desde que o famigerado Escândalo
do Mensalão foi transformado em novela diária, com capítulos e desdobramentos
minimamente planejados no jornalismo da Globo, sem reação de uma política de
comunicação pública, não para dar voz ao governo e seus acusados, mas fazer os
contrapontos necessários e, principalmente, colocar na ordem do dia uma
comunicação plural, com múltiplas versões, sem as torpezas emanadas do espírito
torpe do “doutor Roberto”, desde o além, e seus capatazes, em terra.
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