Matéria do UOL, pra introduzir o assunto:
Capitão do pentacampeonato, Cafu afirmou que foi
expulso do vestiário da seleção brasileira após a derrota contra a Alemanha por
José Maria Marin, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, que disse
que não queria "pessoas estranhas" no local.
"O presidente José Maria Marin disse que não
queria nenhuma pessoa estranha no vestiário. Eu coloquei que não sou uma pessoa
estranha, só estou aqui para dar um abraço nos meninos e dar um carinho e um
conforto para eles, não quero falar mais nada. Só vim aqui porque nesse momento
os meninos precisam de apoio e foi isso que eu fui fazer no vestiário. Fiquei
surpreso quando fui praticamente expulso do vestiário porque o Marin disse que
não queria ninguém estranho lá. Eu, humildemente, me retirei do vestiário"
declarou Cafu, à Rádio ESPN.
Comecemos com esta matéria que mostra o
inacreditável: enquanto a gente pensava que todos os envolvidos com essa lambança
estavam rezando de joelhos e pedindo ao bom Deus que poupassem seus rosados
pescocinhos, este pulha, Marin, o capo mor da CBF, dedicava-se a... expulsar um
campeão mundial dos vestiários da mulambenta seleção humilhada. Eis aí uma
ocorrência da nefasta cordialidade brasileira, de que falava Sérgio Buarque:
este cidadão deveria, há muito, ter suas tripas penduradas na feira da buchada.
Mas estava ali, impávido, colossal, dando xingas... Vai Brasil-sil-sil.
NÃO COMEÇOU HOJE
Não vamos discutir o trágico 7 X 1, essa nódoa que
manchará nossas pequenas biografias para além túmulo. Imaginem: o goleiro
Barbosa tomou um gol do Uruguai no finalzinho do jogo, numa fatalidade, no
longínquo e desconectado ano de 1950. E essa tragédia se esparramou até nossos
dias. Essa bagaceira do Mineirão, internética e on line, vai castigar os
meninos de hoje pelos rastros de sua existência. Para entender a tragédia,
somos obrigados a voltar, pelo menos, à última “reforma” do nossa entidade de futebol.
Nosso problema, como sabemos, é que toda vez que falamos em mudar algo,
seguramente estamos tratamos, desonestamente, de não mudar nada.
Lembram que na última crise do futebol nacional,
motivada pelo enésimo caso de corrupção do capo Ricardo Teixeira, resolveram “moralizar”
a CBF com a unção de José Maria Marin, político velho e malufista, cartola
manjado nas maracutaias da federação paulista? Marin na CBF era, sem tirar nem
por: Ricardo Teixeira + Havelange, sogro de Teixeira. Este último, que pungou
no tri de 70 para montar uma organização poderosa e secreta, levou para a Fifa
um jeitinho bem brasileiro de apodrecer uma instituição, pela corrupção.
FELIPINHO
Sou dos que um dia acharam Felipão indispensável,
embora, dessa vez, torcesse pela escolha de Muricy Ramalho. Sou meio burro em
futebol (e em vários outros itens), mas fiquei incrédulo quando descobri que
entramos numa Copa do Mundo sem meio-campo. Como assim, sem meio-campo? É como
se um time começasse uma partida e se esquecesse de escalar o goleiro, quase
isso. Mas ninguém falou isso. Nenhum das senhoras e dos senhores que me leem agora.
A mídia? Qual mídia? Alguém aí sabe de alguma atitude que não seja a da Globo?
Mas dessa trataremos mais tarde.
Flipinho, não o célebre viado itabaianense, mas
este homem muito menor, precisa dizer o porquê da fidelidade a jogadores como
Fred, aquele poste incompetente, piada nacional, que, entretanto, se arrastou
até o último minuto de nosso vexame. Se fosse nas rodas maldosas de Itabaiana,
diriam que “essa história tem cu no meio”. Não é o caso. É coisa de dinheiro. A
rigor, além dos acordos de patrocínios, a sujeira dos bastidores, o rei Felipão
estava nu com sua precariedade: não faltava só meio de campo. Faltavam técnica,
tática, esquemas, jogadas, treinamento. Lembrando aquela velha piada do
carnavalesco Clóvis Bornay: parece que a seleção só foi à batalha pra comer a
merenda.
O FUTEBOL ARTE
Lembram daquela velha história de que o Brasil
praticava um futebol-arte, agressivo, alegre, despojado e perigoso? Esqueçam
essas qualidades. Felipinho deu o tom de sua pequena alma naquela partida
contra a Colômbia: depois de fazer 2 a zero, recuamos covardemente, de maneira
feia e burra, para um futebol de resultados. E quase nos complicamos, como bem
sabem os corações canarinhos que quase enfartaram. Sequer levaram em conta o
(mau) exemplo do México, que jogava lindamente contra a Holanda e, por isso,
fez um gol e, de dominante, passou a dominado. O resultado todos sabem. Ponto para
o futebol autêntico. Derrota para os calculistas da retranca. Cá pra nós: um
time que recua da Colômbia em casa, sob o calor de 70 mil pessoas, não merece
nem ser quarto lugar.
NEYMAR
O mundo inteiro já sabe que se trata de um craque. Mas
aqueles pulinhos para cavar falta, o anti-futebol que ele alterna com as
jogadas geniais, só poderia dar numa cama-de-gato colombiana. Um jogador que se
respeita, ainda mais no começo da carreira, não pode se valer do cai-cai. Outro
ponto negativo para Pai Felipão: que bosta de líder é ele, que não acaba com
essa palhaçada no time dele? Se eu fosse treinador, não tinha brinquinho,
cabelo armado, descolorido, loiro, black power, tatuagem, nada... Sou adepto do estilo João
Saldanha. Essas frescuras não podem entrar em campo. Nisso, a mídia (a mídia,
quem?), a Globo, é a principal co-autora.
A miséria do jornalismo não tem limites. Não me
refiro àquela pobre moça da Band que, ao ver um jogador da Holanda com o nome
do país às costas, anunciou: “agora vemos o jogador Nederland”. Na manhã de
hoje, no Bom Dia Nada da Globo, outra mocinha bobinha veio com essa: “A Alemanha
vai jogar com as cores do Flamengo. A expectativa é que Fred pense que está
jogando contra o Flamengo e faça os gols que faz pelo Fluminense”. Um país com
um jornalismo desse não pode ganhar, nem mesmo no futebol.
TIAGO SILVA
O capitão fez falta e a esta ausência devemos aí, pelo menos, uns três gols. Agora, um sujeito com um cartão amarelo, capitão de um time, interrompe o tiro de meta de um goleiro para retardar alguns segundos de uma jogada. Daí ganha o segundo cartão e fica fora do próximo jogo, decisivo. Esse cara faz falta mesmo?
TIAGO SILVA
O capitão fez falta e a esta ausência devemos aí, pelo menos, uns três gols. Agora, um sujeito com um cartão amarelo, capitão de um time, interrompe o tiro de meta de um goleiro para retardar alguns segundos de uma jogada. Daí ganha o segundo cartão e fica fora do próximo jogo, decisivo. Esse cara faz falta mesmo?
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