No último sábado aconteceu, na Orla Por do Sol do Mosqueiro, a apresentação do Reisado do Mosqueiro, grupo folclórico que preserva uma das mais belas e tradicionais raízes culturais de nosso estado . Dona Helena merece um capítulo à parte , pela história de resistência para manter funcionando o grupo que remonta há décadas , de pais para filhos . Não são apenas as poderosas atrações da indústria cultural que ameaçam as manifestações tradicionais, mas também os pequenos grupos de bairros , manifestações emergentes de uma cultura suburbana em que predominam ritmos como o arrocha , pagode e outros , todos eles legítimos , a não ser pelo fato de que ocupam os espaços sem deixar sobras para a diferença . Que o digam os milhares de carros de som que infernizam nossa vida cotidiana , com a complacência da polícia e do Ministério Público .
Num mundo onde a publicidade e a mídia martelam o tempo inteiro seus conceitos de “ser jovem e moderno ”, de uma estética concebida nos laboratórios do consumo (laboratórios de cosmética , inclusive e principalmente ), insistir num modesto reisado é quase uma loucura .
A nota triste
Na festa de sábado , conseguimos espaço , gambiarra e até a cessão de uma equipe de filmagem, pelo governo , para a gravação do sonhado DVD do grupo . Uma alegria para dezenas de famílias , tão fartas de pagodes e parangolés. Idosos saudosos de seus melhores tempos , crianças maravilhadas com uma forma de cultura que não conheciam nem pela TV (principalmente na TV), enfim , uma confraternização de uma comunidade historicamente esquecida pelos poderes públicos .
Na apresentação do sábado , uma mulher incorporou o personagem “doida ” para agredir e afrontar todas as famílias presentes , atrapalhando a dança e lançando impropérios e gestos obscenos na direção de todos , evidentemente incomodados com as agressões . A todo momento , pessoas retiravam a figura , conhecida na região como “Negra Lia ”, que imediatamente voltava ao local e reiniciava seu espetáculo paralelo . Sem polícia no local (lembram da história do abandono ?), moradores ligaram para o 190, que , com uma explicação técnica (para eles , claro ), negaram a ajuda .
O pior da história é a ligação da desordeira com o proprietário do único bar beneficiado com a implantação da Orla , o conhecido Kid, que , já em outros momentos , tem demonstrado aberta reação à comunidade , em atitudes grosseiras e até recusa em servir moradores locais no seu bar . No carnaval , o Kid (nome apropriado ao perfil ) ordenou a retirada de ambulantes que tentaram vender alguma coisa no calçadão , assumindo assim as funções de xerife e se arvorando substituir o papel das autoridades .
Um comentário:
Luciano,
Já tomaram uma providência contra esse tal xerife, o Kid? Dia desses, passando por lá, eu e Gilberto percebemos que a comunidade local detesta o tal dono do bar.
Postar um comentário