Os acontecimentos na TV Sergipe, que culminaram com a não exibição do “Bom Dia ” de segunda , me fazem lembrar os anos de intensa movimentação sindical na luta dos jornalistas no estado . Uma greve geral convocada pela CUT, no final dos anos de 1980, paralisou todas as redações de jornais e assessorias . Parar a TV Sergipe era algo impensável . Mas lá estávamos: Marcos Cardoso, Bertulino Menezes, Benetti Nascimento, Nubem Bonfim, Dida Araújo, Fernando Sávio, Carlos França, eu e alguns mais . E paramos.
As tintas da TV Sergipe
De fato , Nilson Socorro nunca levantou as bandeiras da esquerda e só se aproximou delas quando o PT se coligou com (já não de direita , claro !) Albano Franco . Mas exibia, no seu trabalho , uma dignidade jamais vista naquelas barbichas que varavam madrugadas na “militância” do bar “Gosto gostoso ”. Entre diretor sindical e editor do Bom Dia , acertei com Nilson que íamos aderir à greve , quer dizer , acatá-la e, portanto , não haveria programa .
O “Bom Dia ” da greve
De manhãzinha, com a frente do Canal 4 tomada pelas lideranças de então (lembro bem do ex-deputado Ismael Silva, do amigo José Araújo, de Nildomar (Nildão) Freire, Edvaldo Nogueira , Samarone, Paulão da CUT, entre outros ), me empolguei com o movimento . Longe do olhar do meu chefe , traí o acordo e resolvi, por conta própria , fazer o programa . E fiz, um “Bom Dia ” inteiro dedicado só à greve , com um desfile das principais lideranças sindicais. A peraltice quase custou minha cabeça . Nilson novamente se desdobrou para me manter na função , contra a vontade do “doutor ” César.
Consegui me equilibrar entre “a TV dos Franco ” e a militância sindical, enfrentando, na redação , a fúria do colega Adalvo Fernandes, que subia em cadeiras para pronunciar verdadeiros discursos contra a esquerdização da emissora . Adalvo, este sim , era um direitoso assumido, barulhento na sua voz trovejante , mas afetuoso no trato . Fiquei no canal até 1990, quando parti para novo desafio na TV Difusora do Maranhão. A redação da TV Sergipe de ontem , com sua primavera de abril , mostrou que a história também se repete com beleza e bravura.
2 comentários:
Belo depoimento,resgatando a história do jornalismo digno que sempre se fez por aqui. Amaral
concordo com Amaral!
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